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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Lula defende regulação e diz que Dilma “sabe o que tem de fazer”

O Ministério das Comunicações terá uma função mais destacada no futuro Governo Dilma Rousseff do que teve sob o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o que previu o próprio Lula nesta quinta-feira durante entrevista para rádios comunitárias. “Pode ficar certo que Dilma sabe o que tem de fazer para o Ministério das Comunicações ter um papel mais importante do que teve no meu governo”, afirmou o presidente,observando que o protagonismo virá por conta da adoção de um marco regulatório para o setor. Após dizer que Dilma é favorável à nova regulação, Lula acrescentou: “Dilma não veio de onde eu vim, mas ela vai para onde eu vou”.

Lula disse que, muitas vezes, a mídia confunde críticas com o cerceamento de sua atividade. “Há uma briga histórica. Os meios de comunicação confundiram isso, como se fosse um cerceamento da liberdade de imprensa. A coisa mais pobre que eu acho é alguém achar que não pode receber críticas, que é intocável”, assinalou. Para ele, a Conferência Internacional de Comunicação, realizada em novembro, em Brasília,deixou evidente que “no mundo inteiro tem regulação, que tem algum tipo de regulação (da mídia)”.

O grupo que “comia sozinho” – Após dizer que nunca pediu a ninguém para que falassem de sua administração, notou que foi criticado quando resolveu fazer o que chamou de “democratização da publicidade”. O número de empresas que atendem ao governo federal passou de 400 para mais de oito mil. “Isso teve uma reação bruta porque você tinha um pequeno grupo que estava acostumado a comer sozinho”, ironizou.

Lula voltou a atacar a disseminação do preconceito na campanha presidencial. “Não tinha noção de que pudessem (os opositores) fazer uma campanha tão preconceituosa como fizeram. O preconceito é uma doença que deixa marcas profundas, quase incuráveis”, ponderou. Para ele, o tema do aborto só foi trazido para a disputa eleitoral porque quem disputou a Presidência pelo PT foi uma mulher. “Peço a Deus que todos eles estejam mais civilizados e permitam que a Dilma possa governar esse país e que a gente possa ver o Brasil avançar”, disse.

“Pior do que o câncer” - Ele retornou ao assunto durante a 36ª Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Primeiro comentou que, ao contrário do que ocorreu em 2003, Dilma receberá uma “herança bendita” em janeiro do próximo ano – o que inclui as três maiores hidrelétricas em construção no mundo (Santo Antônio, Jirau e Belo Monte) mais três grandes ferrovias em construção, além do maior investimento da história na indústria petrolífera. Depois disse que, apesar desse legado, Dilma enfrentará uma reação preconceituosa. “O preconceito é a mais grave doença, pior do que o câncer. A pessoa que tem preconceito está morta por dentro, como se fosse um zumbi, sempre torcendo para as coisas não darem certo”, definiu.

Ele comentou que, ao deixar o governo no dia 1º de janeiro, não irá parar de fazer política. “Só terei de ter cuidado para não fazer oposição ao governo, porque por toda a vida fiz oposição”, brincou. Lula reiterou que, depois de suas férias, pretende criar um instituto para ajudar países pobres da África e da América Latina. Além disso, quer mostrar no exterior experiências brasileiras bem sucedidas, como os programas de microcrédito e de apoio à agricultura familiar.

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