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sábado, 27 de novembro de 2010

Polícias e Forças Armadas fecham cerco ao narcotráfico 27/11/2010

Milhares de policiais militares e civis, 800 paraquedistas do Exército, 300 agentes da Polícia Federal, fuzileiros navais, carros de combate e tanques da Marinha e helicópteros blindados da Aeronáutica compõem as forças que vigiam o Rio de Janeiro e estão fechando o cerco às centenas de traficantes refugiados nas favelas do Complexo do Alemão, zona norte da capital. Calcula-se que cerca de 500 criminosos estejam no local, entre eles os 200 que escaparam da tomada da Vila Cruzeiro, na quinta-feira. No grupo estaria Fabiano Atanásio da Silva, o FB, um dos líderes do Comando Vermelho, facção que controla as favelas da região.

Na noite de sexta-feira, um balanço do enfrentamento feito pela PM indicava que os mortos seriam 36 desde domingo. Haviam sido feitas 197 prisões. Nove mortes ocorreram ontem. Um dos mortos seria o chefe do tráfico do Morro da Fazendinha, em Inhaúma, uma das favelas do Complexo do Alemão, identificado como Thiaguinho G 3. O número de presos era de 196. E 96 carros, ônibus e caminhões haviam sido incendiados pelos traficantes.

Duzentas motos – Nas escaramuças com os bandidos ao longo da quinta-feira, policiais, militares e civis também foram feridos. Um paraquedista do Exército foi atingido em uma das pernas quando se postava em um dos acessos ao Complexo do Alemão. O tenente da Polícia Militar, Rafael Soares, também foi ferido na perna esquerda, atendido e logo liberado. A dona de casa, Luiza de Moraes, de 61 anos, foi alvejada dentro de sua casa, no Complexo do Alemão. Uma criança de três anos foi atingida de raspão por uma bala perdida, um homem que se refugiara em um bar levou um tiro no abdomen e o fotógrafo Paulo Whitaker, da agência de notícias Reuters, foi baleado no ombro.

Apenas na sexta, mais de 200 motos roubadas foram apreendidas. Eram usadas pelos traficantes da Vila Cruzeiro. A polícia ainda recolheu nas ruas da comunidade dezenas de carros roubados e abandonados na fuga da favela. Também foi apreendida uma tonelada de maconha prensada, além de quatro armas e oito coquetéis molotov. Desde o último domingo, foram recolhidas 48 armas e oito granadas, além de grande quantidade de drogas e material inflamável.

Prisão para advogados - Além dos criminosos capturados presos na frente de operações, a justiça do Rio decretou a prisão preventiva dos advogados Beatriz da Silva, Flavia Pinheiro Fróes e Luiz Fernando Costa. Atendendo ao traficante Marcinho VP, seu cliente, eles teriam sido mensageiros de ordens do criminoso dadas aos seus subordinados para desfechar ataques contra a polícia e atear fogo em veículos.Os três devem ser encaminhados para presídios federais. Os advogados também prestariam serviços ao traficante Elias Maluco.

Em Brasília, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, reagiu com preocupação diante da iminência de um conflito sangrento no Complexo do Alemão. Lembrando a operação de 2007, no mesmo local e que mobilizou 1,3 mil policiais, notou que o resultado foi a morte de 20 pessoas em um único dia. “Foram feitas atrocidades para nada. O tráfico aumentou lá”, questionou o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) membro da CDHM. Ele reconheceu,no entanto, que o combate da polícia, até o momento, é “ponderado”.

A diretora executiva Sandra Carvalho, da ONG Justiça Global, também alertou para os riscos de uma nova “Chacina do Alemão”. Ela definiu o quadro atual como “o cenário de guerra que tanto se construiu”, uma referência à cobertura da mídia e à retórica dos dirigentes das forças de segurança que, muitas vezes, definem o combate ao crime organizado como uma batalha. (Com Agência Brasil)

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