247 – Em palestra durante o encontro com o coletivo "Boston
contra o golpe", nos Estados Unidos, a presidente deposta Dilma Rousseff afirmou
nesta sexta-feira 21 que "o Brasil não é uma república de bananas". Nesta
quinta, Michel Temer disse, sem citar Dilma e seu tour pelos EUA, onde denuncia
o golpe em todas as falas, que os estrangeiros vão pensar que o Brasil é um
'paiseco'.
Ao fazer duras críticas ao governo Michel Temer, Dilma disse acreditar que
ele não deve ter o mandato cassado no processo que corre no Tribunal Superior
Eleitoral. "Não existe a menor hipótese de tirarem o Temer. Não vão, não. É o
cara que está fazendo o trabalho sujo. Enquanto ele estiver fazendo esse
serviço, a aliança que o sustenta não deixa ele cair. Enquanto isso, aumenta o
desgaste político e econômico do País", afirmou Dilma.
Ela voltou a comentar a entrevista à TV Bandeirantes em que Temer confessou,
no sábado passado, que Dilma caiu não por crime de responsabilidade, mas porque
não atendeu às chantagens de Eduardo Cunha. "Temer teve um sincericídio brutal.
Eu fiquei perplexa", declarou, arrancando risos dos brasileiros presentes. "Todo
mundo sabia disso em Brasília", acrescentou, destacando que a novidade está no
fato de ser "uma confissão de que houve um golpe feita pelo próprio autor".
Ao responder uma pergunta sobre se arrepende de alguma coisa nesse período,
Dilma respondeu que, "se soubesse do nível de absurda traição" de Temer, "não
teria feito parceria" com ele. "Ele não tinha voto nem para deputado federal",
alfinetou, em referência à chapa que venceu a eleição de 2014, com 54 milhões de
votos.
Dilma voltou a dizer que "estão querendo tirar o Lula da parada", em alusão à
eleição de 2018. "É só olhar as últimas pesquisas. Só enquanto eu estive aqui
tiveram três", destacou, sobre os números que mostram Lula vencendo a disputa
presidencial em todos os cenários. "O Lula deve ter sido pessoa que foi
submetido ao maior desgaste político na vida, de desconstrução da própria
biografia", observou Dilma.
A presidente deposta pelo golpe fez críticas também à nova direção da
Odebrecht, que tem vendido diversos ativos da empresa sem consulta pública.
Alguns casos já foram parar na Justiça. "Eles estão vendendo parcerias que não
podiam vender. Sem licitação. Nós não somos contra parcerias, não somos contra o
setor privado. O que somos contra é que eles (estrangeiros) dirijam a
exploração. A gente fazia parceria, mas o controle era da Petrobras", lembrou
Dilma.
Para a petista, hoje, a "elite golpista [no Brasil] quer tornar a política
irrelevante, criando-se condições a uma despolitização grande para surgimento de
salvadorezinhos da pátria". "Alguns estão dizendo que uma parte dos golpistas se
assustou", disse. Questionada se deve se candidatar a algum cargo na próxima
eleição, ela respondeu que não sabe. "Dos 15 aos 63, eu não tive cargo político
e fiz política o tempo inteiro. Até fui presa, veja só. Eu vou fazer política",
finalizou.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/291573/Dilma-Temer-faz-trabalho-sujo-e-n%C3%A3o-v%C3%A3o-tir%C3%A1-lo.htm
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