A presidenta Dilma Rousseff é constantemente citada, por apoiadores da candidatura Aécio Neves, de ser uma ex-terrorista, ter pego em armas, assaltado bancos etc. e tal.
Dilma nunca escondeu sua militância em organização que combateu a ditadura militar, mas, a bem da verdade, nunca participou de nenhum assalto. Foi presa e torturada, isso sim.
O que o pessoal que espalha essas mentiras sobre a presidenta talvez não saiba, ou se sabe, faz o possível para esconder, é que quem realmente participou de assaltos na época da ditadura foi o candidato a vice-presidente na chapa de Aécio, o senador por São Paulo Aloysio Nunes Ferreira, também tucano.
O interessante é que o próprio senador esconde esses fatos, notórios, na biografia de seu site oficial. Abaixo, estão os dois Aloysios: o que ele quer que o público conheça; e o que ele realmente é – ou foi.
O senador Aloysio não deveria se envergonhar de sua história – pelo menos de parte dela, em sua juventude, quando lutava por ideais, ao contrário de hoje.
A biografia do site oficial
Aloysio Nunes Ferreira Filho nasceu em 5 de abril de 1945, em São José do Rio Preto (SP). Filho de Nice Beolchi e do também político Aloysio Nunes Ferreira, falecido em março de 2003.
Com vasto currículo político e acadêmico, formou-se em Direito e cursou Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, onde lecionou Introdução a Ciência do Direito por dois anos.
Por conta de ações contra a ditadura militar, precisou sair do Brasil. Seu exílio foi na França, de 1968 a 1979, onde fez bacharelado em Economia Política e mestrado em Ciência Política pela Universidade de Paris, assumindo depois a cadeira de professor de Língua Portuguesa. De 1969 a 1973, foi diretor do Instituto de Pesquisa e Formação em Economia do Desenvolvimento.
De volta a seu país, foi deputado estadual pelo PMDB em duas ocasiões: de 1983 a 1987, líder do governador Franco Montoro na Assembleia Legislativa; e de 1987 a 1991. Foi também deputado federal pelo PMDB de 1995 a 1999. Já pelo PSDB, de 1999 a 2003 e de 2003 a 2007.
Foi vice-governador do Estado (1991-1994) e secretário estadual dos Transportes Metropolitanos (1991/1992 e 1993). Foi ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República de 1999 a 2001, ministro da Justiça, em 2001 e 2002, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Foi secretário de governo da Prefeitura de São Paulo, em 2005 e 2006.
Até abril de 2010, Aloysio Nunes ocupou o cargo de secretário-chefe da Casa Civil do governo do Estado de São Paulo, administrado por José Serra. Foi o responsável por toda a articulação política entre as pastas do governo e os municípios. Em outubro do mesmo ano, foi eleito senador com uma votação histórica: 11.189.168.
Em 2013, assumiu a liderança do PSDB no Senado.
A biografia que ele esconde (Wikipédia)
Começou a militância política em 1963 quando entrou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo. Logo depois do golpe militar de 1964, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), que, por ter sua existência proibida, atuava na clandestinidade. Foi presidente do tradicional Centro Acadêmico 11 de Agosto e formou-se bacharel em Direito em 1968.
Como o PCB se opunha à resistência armada contra a ditadura militar que se instalara desde 1964 no Brasil, Aloysio Nunes, assim como vários jovens da época que tinham ideais de esquerda, ingressou na Ação Libertadora Nacional (ALN), organização guerrilheira liderada por Carlos Marighela e Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo.
Assumiu na clandestinidade o pseudônimo Mateus. Durante muito tempo foi motorista e guarda-costas de Marighela. As ações da Aliança Libertadora Nacional incluíram assaltos para angariar fundos que sustentariam a resistência armada. Em agosto de 1968, Aloysio Nunes participou do assalto ao trem pagador da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Segundo relatos da imprensa da época, a ação ocorreu sem que houvesse o disparo de qualquer tiro. Aloysio Nunes foi o motorista do carro no qual os assaltantes fugiram do local com os malotes que continham NCr$108 milhões (US$21.600,00), dinheiro suficiente para o pagamento de todos os funcionários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Em outubro do mesmo ano, participou do assalto ao carro-pagador da Massey-Ferguson interceptando o veículo na Praça Benedito Calixto, no bairro paulistano de Pinheiros.
Sofrendo um processo penal em que já havia um pedido de prisão preventiva e com a possibilidade de que descobrissem algo sobre suas ações armadas, foi enviado a Paris por Marighela utilizando um passaporte falso. Foi posteriormente identificado como guerrilheiro e condenado com base na extinta Lei de Segurança Nacional. Pretendia realizar um treinamento de guerrilha em Cuba, mas a gravidez de sua mulher o fez desistir. Tornou-se representante da Ação Libertadora Nacional no exterior e coordenou as ligações desta com movimentos de esquerda de todo o mundo. Filiou-se ao Partido Comunista Francês em 1971 e negociou com o presidente Boumedienne, da Argélia para que brasileiros recebessem treinamento militar de guerrilha naquele país.
Pôde, finalmente em 1979, regressar ao Brasil devido à promulgação da Lei de Anistia, a qual beneficiou todos que cometeram crimes políticos de qualquer tipo, assim como aqueles que torturaram e mataram em nome da repressão, durante os anos anteriores da ditadura militar.
Desfiliou-se do PCB, ainda na clandestinidade, e filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), tendo sido eleito por este partido deputado estadual de 1983 a 1991 em seu estado natal. Foi líder do governo Franco Montoro na Assembleia Legislativa em seu primeiro mandato, e líder do governo Quércia em seu segundo mandato durante a redação e votação da Constituição do Estado de São Paulo.
Foi vice-governador de São Paulo de 1991 a 1994, eleito na chapa de Luiz Antônio Fleury Filho. Acumulou a função de vice-governador com a de secretário estadual de Negócios Metropolitanos. Assumiu provisoriamente o governo quando Fleury viajou ao exterior. Foi o primeiro ex-comunista a ocupar este cargo.
Foi candidato derrotado do PMDB à prefeitura de São Paulo em 1992. Foi uma eleição polarizada basicamente entre Paulo Maluf e Eduardo Suplicy, tendo sido pré-advertido de que seria quase impossível vencê-la.
De 1995 a 2007, Aloysio foi eleito para deputado federal. Em 1997, sai do PMDB e se filia ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Interrompeu o mandato de 1999 a 2002 ao ocupar dois ministérios do governo Fernando Henrique Cardoso: a secretaria geral da Presidência e o Ministério da Justiça. Foi o primeiro cidadão de São José do Rio Preto a exercer os cargos de vice-governador de São Paulo e ministro da Justiça.
Aloysio foi secretário municipal de São Paulo durante o governo José Serra/Gilberto Kassab. Durante o mandato de José Serra à frente do governo de São Paulo, Aloysio foi o secretário da Casa Civil.
No dia 3 de outubro de 2010, Aloysio foi eleito senador pelo PSDB de São Paulo com históricos e surpreendentes 11.189.168 votos (30,42% dos válidos), tornando-se o senador mais votado do País ao superar o recorde do petista Aloizio Mercadante estabelecido em 2002 de 10.491.345 votos (29,9% dos válidos, à época) e tendo ficado bem à frente da também petista Marta Suplicy – também eleita senadora como a segunda colocada com 8.314.027 votos (22,61% dos válidos) – e de Netinho de Paula (PCdoB), os quais até uns três dias antes eram ainda os francos favoritos em todas as pesquisas de intenções de votos. Atualmente, Aloysio exerce a liderança do PSDB no Senado.
Nota do Limpinho: A trajetória de Aloysio Nunes Ferreira Filho na resistência ao regime de exceção da ditadura militar honra aqueles que defendem a legitimidade própria aos regimes democráticos. Lamentável é que, nas últimas décadas, ele tenha dado às costas a seus ideais e enveredado pelo caminho da ultradireita.
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