Procurador da República Deltan Dallagnol diz em coletiva de imprensa, ao detalhar a décima fase da Operação Lava Jato, que propina era disfarçada de doação eleitoral com aparência lícita; "Eram repasses de propina disfarçados de doação eleitoral", afirmou; o procurador do Ministério Público Federal do Paraná apontou ainda contra o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto; "Ele tinha consciência de que os pagamentos ao partido eram propina e sabia do esquema", declarou; Vaccari e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que voltou a ser preso nesta segunda-feira 16, foram denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro
16 de Março de 2015 às 16:17
247 – O Ministério Público Federal do Paraná criminalizou, ao detalhar a décima fase da Operação Lava Jato, nesta segunda-feira 16, as doações legais feitas ao PT. "Eram repasses de propina disfarçados de doação eleitoral", disse o procurador da República Deltan Dallagnol, em entrevista coletiva.
Segundo ele, a propina era disfarçada de doação eleitoral com aparência lícita. Dallagnol afirmou ainda que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, tinha consciência de que os pagamentos ao partido eram propina. "Ele sabia do esquema", acusou o procurador. Vaccari Neto foi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro.
A décima fase da Lava Jato voltou a prender hoje o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, acusado de ter cometido os mesmos crimes de Vaccari Neto. Deltan Dallagnol apresentou na coletiva de imprensa 503 atos de lavagem de dinheiro, envolvendo R$ 292 milhões.
Leia reportagem da Reuters sobre denúncia contra João Vaccari, tesoureiro do PT:
Ministério Público Federal denuncia tesoureiro do PT por escândalo na Petrobras
Reuters - O Ministério Público Federal denunciou nesta segunda-feira o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por crimes de corrupção no âmbito da operação Lava Jato, que investiga denúncias envolvendo pagamento de propina como resultado de fraudes em licitações da Petrobras.
"Vaccari tinha consciência de que os pagamentos (doações de campanha) eram feitos a título de propina", afirmou o procurador Deltan Dallagnol, em entrevista a jornalistas, em Curitiba.
Mais cedo, o MPF já havia anunciado a prisão e a denúncia por crimes de corrupção do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque.
O Ministério Público Federal tem "ampla prova" de que tesoureiro do PT se encontrou com ex-executivos da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco para tratar de doações ao partido, disse o procurador.
Barusco é um dos principais delatores do esquema e fez um acordo de delação premiada com as autoridades.
Segundo o MPF, as doações ao PT com base em propina de corrupção na Petrobras foram feitas ao diretório nacional e a três ou quatro diretórios locais.
(Por Roberto Samora, em São Paulo)
Leia ainda reportagem da Agência Brasil sobre a nova fase da operação da Polícia Federal:
PF volta a prender Renato Duque em nova fase da Operação Lava Jato
Ivan Richard – O ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque foi um dos cinco presos hoje (16) pela Polícia Federal na décima fase da Operação Lava Jato. Duque – que já havia sido detido, em dezembro, na sétima fase da operação que investiga fraude em contratos da Petrobras – foi preso em casa, no Rio de Janeiro, onde também foram apreendidos, 131 quadros.
De acordo com o Ministério Público Federal, quando foi solto, 19 dias depois de ter sido preso beneficiado por um habeas corpus concedido pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), Duque transferiu 20 milhões de euros de contas que mantinha na Suíça para bancos de Mônaco. Ele deve seguir por volta das 17h para o Paraná, onde cumprirá a prisão preventiva.
"O dinheiro que foi bloqueado em Mônaco sintetiza a necessidade de prisão de Renato de Souza Duque para a garantia da ordem pública. Assim como Pedro Barusco devolveu aos cofres públicos US$ 97 milhões por ter celebrado acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal, é necessário que Renato Duque, que não celebrou acordo, tenha seus valores auferidos ilicitamente acautelados, seja no exterior ou no Brasil, de forma que os cofres públicos possam ser restituídos na sua integralidade", disse o procurador da República Roberson Henrique Pozzobon, um dos responsáveis pela décima fase da operação Lava Jato.
Também foram presos preventivamente hoje o empresário Adir Assad e Lucélio Góes. Assad foi investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Cachoeira e Lucélio Góes é filho de Mário Góes, um dos suspeitos de intermediar o pagamento de propina pela empresa catarinense Arxo. A prisão preventiva não tem data para terminar.
Foram presos temporariamente Sônia Marisa Branco e Dario Teixeira Alves. Eles devem permanecer detidos por cinco dias. Também foi expedido mandado de prisão temporária para Sueli Maria Branco que, segundo a PF, está morta.
Cerca de 40 policiais federais cumpriram 18 mandados judiciais: dois de prisão preventiva, quatro de prisão temporária e 12 de busca e apreensão. Os mandados foram cumpridos em São Paulo e no Rio de Janeiro e atendem a ordens expedidas pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba Sérgio Moro. Todos os presos foram encaminhados para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
De acordo com o procurador da República Roberson Henrique Pozzobon, as investigações que desencadearam a décima fase da Lava Jato identificaram que empresas que mantêm contratos com a Petrobras movimentaram mais de R$ 100 milhões em operações com características de lavagem de dinheiro.
"Dentro da perspectiva de que [a área de] Serviço e [a área de] Abastecimento [da Petrobras] funcionavam dentro de uma mesma sistemática, mas em paralelo, na denúncia de hoje se poderá ver, de modo completo, repasse de vantagens indevidas e corrupção nas duas diretorias, inclusive, em alguns casos, se interpenetrando", explicou Pozzobon.
*Colaborou Nielmar Oliveira
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