“Os três senadores de oposição, Sérgio Guerra (PSDB-PE), Álvaro Dias (PSDB-PR) e ACM Júnior (DEM-BA) deixaram a CPI acusando a Petrobras de comandar uma operação abafa”. Assim o jornal Folha de S. Paulo noticiou, no dia 11 de novembro de 2009, a saída da oposição, PSDB e DEM, da CPI criada na época para investigar a estatal. Segundo relatório divulgado ontem pelo novo herói nacional, juiz Sérgio Moro, a saída custou R$ 10 milhões, pagos pela empreiteira Queiroz Galvão.
O citado relatório é relegado, pela mídia hegemônica, às páginas internas dos jornais impressos e não é destaque nos telejornais e nem objeto de comentários nas rádios “que trocam a notícia”. Diz textualmente o relatório: “com o levantamento do sigilo sobre os depoimentos da colaboração premiada de Alberto Youssef e de Paulo Roberto Costa, veio à luz informação de que teria havido pagamento de propina a parlamentares para obstruir as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobrás dos anos de 2009 e 2010". Diz Moro que existem provas de que Fernando Baiano, preso na Operação Lava Jato, “teria intermediado o pagamento de propinas para obstruir o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito de 2009 e 2010”. O relatório é divulgado depois que o assunto ganhou nova força na quinta-feira (19), quando a Procuradoria Geral da República (PGR) liberou um vídeo com o depoimento do ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores da Lava Jato, contando com detalhes como ocorreu a negociação com o falecido ex-senador e presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, para o pagamento dos R$ 10 milhões exigidos para "abafar" a CPI. Lembrando que respondendo à pergunta de um policial sobre para quem era destinada à propina, respondeu Paulo Costa: “O PSDB, doutor”. Declarou também que o dinheiro foi entregue e o serviço feito. Agora o problema se coloca assim: Sérgio Guerra não saiu da CPI sozinho. O PSDB também não saiu sozinho. Na foto acima, o Catão da moralidade e da ética, entusiasta da passeata do dia 15, Álvaro Dias, anuncia a retirada do PSDB da CPI em 2009. Notem sua feição serena, de homem digno, cuja saída da CPI é um gesto de protesto. Ao lado um sorridente Sérgio Guerra.
Sérgio Guerra convencia qualquer um
Era de fato um homem com uma lábia irresistível este Sérgio Guerra, pois provavelmente ficou com a suposta propina de R$ 10 milhões só para ele, mas convenceu os demais senadores a saírem da CPI apenas na argumentação política. Aguardemos agora a avalanche de textos irados em defesa da ética com que os conhecidos colunistas amestrados irão abordar este tema. Aguardemos também as manchetes indignadas dos jornalões. Aguardemos uma matéria especial sobre o fato, com a duração de vários minutos, no Jornal Nacional. Aguardemos uma capa da Veja denunciando esta maracutaia e afirmando sem provas que Serra e Aécio sabiam de tudo. Aguardemos sentados.
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