por : Kiko Nogueira
Jorge Pozzobom, do PSDB-RS
Jorge Pozzobom é um deputado estadual do PSDB do Rio Grande do Sul. Foi o mais votado de Santa Maria nas últimas eleições. É advogado criminalista formado pela UFSM. Líder da bancada tucana na Assembleia Legislativa, ele tem batido duramente no governo Dilma.
“A cada dia fica mais claro aos brasileiros que a corrupção da Petrobras se institucionalizou no governo Lula e foi ampliada ao longo do primeiro mandato de Dilma, com o objetivo de financiar a manutenção de um projeto de poder hegemônico no país”, diz. Essa é a toada que faz sucesso entre sua turma.
Mas Jorge Pozzobom é também o símbolo escarrado de uma doença nacional: a sensação de que se pode falar qualquer coisa, desde que contra os alvos de sempre.
Em sua conta no Twitter, o doutor Pozzobom deixou escapar o que é comentado nos corredores de seu partido, mas nunca foi dito publicamente.
Durante um bate boca relativamente civilizado com militantes petistas, afirmou esperar que “alguém que não seja ameaçado de morte ou morto como o Celso Daniel possa trazer por delação a mega lista do PT”. Foi advertido de que calúnia ainda é crime no Brasil.
Sua resposta: “Me processa. Eu entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser preso”.
Repetindo: “Eu entro no Poder judiciário e por não ser petista não corro o risco de ser preso”.
Não é que Pozzobom saiba de algo que você não sabe sobre a Justiça. Não é apenas pelo fato de ele ser advogado que ele diz esse tipo de barbaridade.
É que ele pode. É senso comum. Apenas não havia sido vocalizado dessa maneira.
Num país em que se toleram manifestações de ódio explícitas e acusações sem provas, em que um juiz sugere que a presidente iria sancionar a Lei do Feminicídio por que estava advogando em causa própria, em que se prega a volta da ditadura numa boa — o que isso tem de mais?
Pozzobom, um sujeito inteligente, tem ciência de que, sendo do PSDB, não corre risco algum. Essa é a contribuição de homens como ele para a democracia. Está longe de ser exceção num partido que adotou uma retórica golpista histérica. Apenas foi o primeiro a sair do armário.
Não há hipótese de que isso desemboque em algo de bom para a sociedade, mas a quem apelar?
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