Em reportagem feita em 05/02/15, e divulgada no site do Estadão (Clique Aqui), com o senador recém empossado José Serra (PSDB/SP), ao ser perguntado pela jornalista Débora Bergamasco se a Petrobrás deveria ser enxugada ou parcialmente vendida, ele respondeu: “tem que começar pela revisão do modelo do pré-sal: retirar a obrigatoriedade de a empresa estar presente em todos os poços, ser a operadora única dos consórcios e ter que suportar os custos mais alto da política de conteúdo nacional”. Em outras palavras, Serra defende a quebra do monopólio estatal do pré-sal.
Isso poderia ser uma opinião ideológica respeitada… poderia… mas temos antes que lembrar alguns atos do político. Imagina que você tenha uma casa, cujo valor estimado é de R$300mil. Mas no seu quintal há uma mina de ouro que vale R$9,7milhões. Por qual valor você venderia a casa? Evidentemente por aproximadamente R$10milhões (9,7 (valor da mina) +0,3 (valor da casa)). Pois bem, no governo FHC a casa foi vendida por R$300mil. A casa no caso era a Vale do Rio Doce. Explico: A Vale tinha uma soma de ativos avaliada em R$3bilhões, preço ao qual ela foi vendida, entretanto tinha reservas minerais que fariam a empresa valer aproximadamente R$100bilhões. Ou seja, um patrimônio do estado brasileiro foi vendido por 3% do valor.
Depois da privatização, o lucro e o valor de mercado da empresa dispararam. A mídia brasileira creditou o lucro ao fato da empresa passar a ser privada, pois assim foi mais bem gerida. Mas devemos lembrar que logo após a privatização a China abriu o seu mercado, e o preço do minério de ferro disparou.
O Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglit apelidou esse processo de privatizações mundo afora nos anos 1990 de “briberization”, em português “propinização“. Segundo o livro “A Privataria Tucana” do jornalista Amaury Ribeiro, o baixo valor de venda da empresa, aconteceu por conta de uma relação corrupta de José Serra com o capital nacional e internacional. Não vou aqui afirmar que Serra tem relações desse tipo, mas vou insinuar e suspeitar.
Aliás, o livro “A Privataria Tucana” reúne 300 páginas com vasta documentação denunciando o atual senador paulista nesse processo, e não foi sequer citado nos veículos da grande mídia. A Globo e a Veja, por exemplo, ignoraram por completo. Quando perguntado sobre o livro, Serra respondeu que era “uma bobagem”, e ficou por isso mesmo. Já em outro escândalo, o do Cartel do Metrô de SP, vários nomes do tucanato foram citados (incluído o de Serra, que foi governador), e a mídia pouca atenção deu.
Mas para o atual escândalo da Petrobrás, todos os holofotes estão virados para o caso. Notícias diárias, supostas listas, depoimentos, decisões, tudo é acompanhado minuto a minuto. Os noticiários reforçam a cada dia a lama da estatal e o preço da gasolina (que teve a menor série de reajustes no governo do PT). Severó, Graça Foster, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef estão na boca do povo como nenhum BBB está.
Não vou aqui defender corruptos. Todo esse escândalo é um grande “PUTARIA” (sendo bem educado), e que tem sim a participação do PT. Mas acreditar que isso começou em 2003, é pura ingenuidade. Vamos lembrar que o jornalista Paulo Francis morreu por denunciar um esquema de corrupção na petroleira no governo FHC, e com a ameaça de processo, acabou enfartando. Vamos lembrar também, que o Procurador Geral da União nomeado por Fernando Henrique foi conhecido como “Engavetador Geral da União”, por arquivar mais de 600 processos. O chefe da PF na época dos tucanos era um filiado do PSDB. Além de tudo isso, a Petrobrás sempre foi um foco de corrupção desde Getúlio Vargas.
A forma midiática que as denúncias estão sendo apresentadas, aliado aos rumores de impeachment da presidenta Dilma, somado as espionagens feitas pela CIA na Petrobrás, e culminada com a entrevista do senador Serra; só me fazem chegar a uma conclusão: QUEREM PRIVATIZAR A PETROBRÁS!!!
Em 2001, durante o governo FHC, tentaram mudar o nome da empresa para ficar mais audível internacionalmente.
Se não vou afirmar (mas vou suspeitar fortemente) que Serra tem relação com o capital estrangeiro, vou afirmar sim, que a grande mídia tem (por razões óbvias). O valor estimado em 2013 do pré-sal era de R$8,8trilhões (vou escrever em numeral para que você sinta o impacto: R$8.800.000.000.000,00). EUA, Europa, grandes petroleiras, mundo árabe… vocês acham que eles não estão de olho?
Eu entendo o caro leitor que está indignado com toda essa roubalheira, mas devo lembrá-los que a privatização da Vale não acrescentou em nada para o país. É verdade que o nível de empregos da mineradora subiu, mas subiu e ficou mais precário. Também é verdade que o governo arrecada mais impostos com a empresa privatizada, mas isso se deve a disparada do preço do minério de ferro. Se empresa ficasse em mão do estado, poderíamos usar o lucro para financiar saúde, educação e moradia. Além, é claro, das remessas de lucro ao exterior e a enorme acumulação de renda na mão dos acionistas que há hoje.
Foi aprovado em 2013, que os royalties do pré-sal será usado 75% na educação e 25% na saúde, e que os lucros da Petrobrás já são usados para financiar políticas públicas. Imagina os ganhos de qualidade que teremos nessas políticas? Vamos entregar isso ao capital estrangeiro? E mais, imagina essa privatização ao modo tucano, como foi a Vale? Imagina leiloarmos essa riqueza a preço de banana?! É sempre bom lembrar também que a Petrobras foi, sozinha, responsável pelo ressurgimento da indústria naval no Brasil, que antes do governo Lula estava abandonada.
Essa estratégia da mídia de bombardear a estatal pode culminar em privatização. Os argumentos estão sendo lançados dia-a-dia. Os noticiários são unânimes ao dizer que a empresa não tem mais jeito, o que me leva ao ditado popular: “Quem desdenha quer comprar”, e querem comprar.
Respeito a sua indignação, mas revolta demais pode acabar privatizando a empresa.
OBS: As mídias, assim como os corruptos, são beneficiárias da Petrobrás. A empresa não precisa fazer propaganda, pois é monopolista, entretanto faz, e sem razão nenhuma.
OBS 2: Se você ver algum adsense da Petrobrás no meu site, saiba que quem controla a propaganda no meu blog é o Google.
OBS 3: Não sou contra empresas de mídia serem patrocinados pela Petrobrás. Sou contra a Petrobrás patrocinar empresas de mídia. E mais, devo constatar que a mídia quer um governante que faça a Petrobrás atender os interesses dela.
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