Praça da Igreja em Caiçara. Foto Jacinto Pereira
No município de Cruz foram criadas cerca de cem associações comunitárias tendo como principal objetivo recebe recursos do Projeto São José para SIC – Subprojetos de Investimento Comunitário. A maioria destas associações foi criada na década de 90. O processo de constituição de uma associação era muito simples, bastava uma única reunião para discutir os objetivos da associação, aprovação do estatuto social e a eleição e posse da diretoria. Depois era só comparecer ao cartório, registrar a ata e ir à Receita Federal para tirar o CNPJ e a associação estava oficialmente constituída. Em alguns casos, esta foi a única reunião que se encontra registrada em ata. Os presidentes eleitos, na maioria das vezes, eram semi-analfabetos e nada entendiam de associação. Eles eram eleitos para cumprirem ordens, assinar documentos e nada mais. Muitos projetos foram destinados ao município através destas associações, como por exemplo, três mini fabricas de beneficiamento de castanhas de caju nas comunidades de Prata, Aroeira e Poço Doce que quase não funcionaram e encontram-se abandonadas, faz muitos anos, com os prédios em ruinas. Em poço Doce, um projeto de suinocultura com rebanho inicial de 20 matrizes e um reprodutor nunca funcionou, os recursos desapareceram e os sócios ficaram devendo as telhas, tijolos e madeira. Documentos falsos atestam compra de animais e ração que nunca existiu. Uma casa de farinha industrial, na comunidade de Prata, nunca funcionou e todas as máquinas desapareceram tomando destino ignorado. Uma fábrica de processamento de frutas e um projeto de minhocas que foi instalado na comunidade de Solidão nunca funcionaram e o prédio está abandonado. Dois projetos de avicultura, em Caiçara e Cavalo Bravo, funcionaram com apenas um lote de frangos e os prédios e os equipamentos encontram-se abandonados e os equipamentos da associação de Caiçara foram roubados. Em Cansanção, foi instalada uma casa de farinha comunitária, mas levaram parte dos equipamentos. A casa de farinha comunitária de Lagoinha nunca funcionou e foi colocado morador na casa e o projeto comunitário de produção de raspa de mandioca, na comunidade de Solidão, hoje, é de propriedade particular. A casa de farinha de Paraguai não foi concluída e o prédio está semi-abandonado. A casa de farinha da comunidade de Lagoa dos Caboclos está em conflito e a da comunidade de Aroeira está sendo subutilizada. Em Preá, existe mais de dez associações sendo a maioria desconhecida pela própria comunidade. A Associação Comunitária do Preá que administra o sistema de abastecimento de água da comunidade vive em constantes conflitos por causa de desvios de recursos. Em Caiçara, existem quatro associações, sendo que algumas nunca funcionaram. O assentamento da comunidade de Santo Estevão encontra-se abandonado e as casas que deveriam está servindo de morada para os assentados foram invadidas pelo matagal. Três tratores que foram destinados às comunidades de Aroeira, Solidão e Lagoinha, um está desmontado há vários anos e os outros dois não prestam serviços aos associados, pois se encontram em poder de terceiros. As associações de Caiçara, Preá, Lagoa dos Monteiros, Belém, Pitombeiras e Poço Doce administram o sistema de abastecimento de água da comunidade e algumas são filiadas ao SISAR. As comunidades de Cajueirinho, Lagoa dos Monteiros, Paraguai e adjacências estão recebendo sistema de abastecimento de água com a implantação da rede de distribuição. Para implantação deste sistema novas associações foram criadas. Os projetos comunitários que resultaram em benefícios para as comunidades foram os de abastecimento de água e eletrificação, mesmo assim muitas irregularidades foram praticadas. Muitas outras associações existem apenas no papel, mas ainda enfrentam os problemas de não estarem em dias com as obrigações sociais e terem muitas multas para pagarem, pois nem as diretorias estão sendo renovadas e os seus estatutos não foram atualizados. Os desmandos estão por toda parte. Muitas delas enfrentam batalhas judiciais na tentativa de resolverem seus problemas que foram causados por administrações irresponsáveis. Muitos projetos tiveram os recursos desviados e nada foi feito. Pilhas de processos se acumulam na Promotoria de Cruz que já tem uma posição definida: fechar estas associações fantasmas que somente servem para desviar recursos e levarem problemas para a justiça sem que prestem nenhum serviço às comunidades. Em Lagoinha, o assentamento foi invadido, os bens vendidos, os assentados expulsos e já conta nove anos de brigas na justiça. Quem pensa que associação é solução, no município de Cruz são problemas.
Dr. Lima
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