247 – A tragédia brasileira pode ser resumida da seguinte forma. Primeiro, quebraram o Brasil para promover um golpe de estado e assaltar o poder. Depois, voltaram a quebrar o País para manter o poder que eles próprios roubaram.
Essa catástrofe começou em 2015, quando três políticos se uniram para promover a política do "quanto pior, melhor", que levou ao golpe. Eram eles Aécio Neves (PSDB-MG), que não aceitou sua derrota em 2014 e hoje é o recordista em inquéritos na Lava Jato, Eduardo Cunha, que está condenado a 15 anos e quatro meses de prisão, e Michel Temer, primeiro ocupante da presidência a ser formalmente acusado de corrupção, em toda a história do Brasil. Coincidência ou não, os três pontas de lança do golpe são hoje os políticos mais rejeitados do Brasil (leia aqui).
Antes que digam que o grupo que assaltou o poder herdou a crise fiscal da presidente legítima Dilma Rousseff, passemos aos números. Em seu primeiro mandato, ela produziu fartos superávits fiscais, com 2,94% do PIB em 2011, 2,18% em 2012 e 1,72% em 2013. Apenas em 2014, com a retração da economia global e em especial dos preços do petróleo, houve um déficit de R$ 17,2 bilhões, equivalente a 0,57% do PIB – um número que é fichinha perto do estrago causado por Temer, que cavou um rombo anual na casa dos R$ 180 bilhões.
Em 2015, Dilma pretendia zerar o déficit com uma pequena reforma da Previdência e a volta da CPMF, mas foi confrontada pelas pautas-bomba de Aécio Neves e Eduardo Cunha, que agiram não apenas para sabotar e paralisar o Executivo, mas também para aprofundar a crise nas contas públicas, que ainda era incipiente, e alimentar a histeria midiática que levaria ao golpe.
Em 2016, com Michel Temer já instalado no poder, cavou-se um rombo de R$ 154 bilhões. Enquanto interino, Temer concedeu vários reajustes ao funcionalismo e distribuiu favores para comprar sua permanência no poder. Prometia ajuste, mas fazia exatamente o contrário. Neste ano, com o rombo acumulado em 12 meses batendo já em R$ 180 bilhões, Temer liberou R$ 3,9 bilhões aos deputados que irão votar a denúncia oferecida pelo procurador Rodrigo Janot. Novamente, Temer fala em ajuste, mas faz o oposto.
Com a água batendo no pescoço, seu desgoverno anunciou nesta quinta-feira cortes na única área do governo que deveria ser preservada: o Programa de Aceleração do Crescimento, que, na prática, acabou. Na era Temer, não haverá pontes, estradas, aeroportos, usinas de energia e nem construções de moradias populares de um programa como o Minha Casa, Minha Vida. Haverá recursos apenas para os gastos de custeio e para a compra de aliados políticos. O resultado será ainda mais recessão.
Com Dilma, deposta pelo golpe, os investimentos subiram de R$ 33,2 bilhões ao ano para R$ 68,4 bilhões. Com Temer, que usurpou seu cargo para se tornar o personagem político mais rejeitado em toda a história do Brasil, os investimentos estão praticamente sendo zerados. E é reveladora a pesquisa CNI/Ibope que aponta que apenas 11% dos brasileiros consideram sua gestão melhor do que a de Dilma (leia aqui)
A tragédia é tão grande que fatalmente fará com que o Brasil se liberte da camisa de força imposta pelo "pensamento único" de grupos de comunicação que venderam a farsa de que os governos Lula e Dilma quebraram o País. Ou o Brasil se reconcilia rapidamente com o desenvolvimentismo ou viverá em breve a maior convulsão social de sua história. Essa reconciliação atende pelo nome de Luiz Inácio Lula da Silva, que pegou o País numa situação não tão grave como atual, em 2003, e promoveu o maior ciclo de desenvolvimento da história do País, acumulando US$ 375 bilhões em reservas e tirando 40 milhões de pessoas da miséria.
Confira, abaixo, o gráfico sobre a evolução dos investimentos no Brasil e leia aqui análise de Fernando Brito, editor do Tijolaço, sobre a morte do PAC, que acaba de ser formalmente assassinado pelo golpe de Temer, Cunha e Aécio.
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