Por
Fernando Brito, editor do Tijolaço
Sei que é um sacrifício acima e além do dever cívico, mas tive a pachorra de
assistir o depoimento de Eduardo Cunha a Sérgio Moro, de quase três horas.
(aqui, no Estadão)
E no final do post coloco o trecho que reputo mais importante, onde ele
responsabiliza diretamente Michel Temer pela aprovação dos diretores da
Petrobras que seriam os operadores do PMDB na empresa.
Antes, descrevo a impressão que me ficou do show de hipocrisia.
Impressionante como, apesar do asco que a figura do ex-presidente da Câmara,
ele se expressa com muito mais segurança que seu inquisidor, Sérgio Moro, que
fica, praticamente, naquilo que está noticiado na mídia.
A história dos trustees não avançou um milímetro, exceto pelo fato de que não
está ali o grosso das vantagens e do ervanário de Cunha.
Moro se baseava, volta e meia, em entrevistas dadas à imprensa, que Cunha
rebarbava, com toda a razão jurídica, dizendo que estava ali para discutir
depoimentos e não notícias que possam ter sido veiculadas apenas em parte.
Em momento algum Cunha foi colocado diante de evidências irrespondíveis.
O Ministério Público, que estranhamente não escala as “estrelas” da Força
Tarefa para estes interrogatórios, mas apenas para as apresentações de
powerpoint sobre Lula, estava representado por um procurador anônimo.
Nem mesmo a evidente contradição entre a alegação de Cunha de que não
administrava nem podia fazer movimentação dos trustees e um deles pagar as
contas do cartão de crédito o Dr. Moro teve capacidade de expor e cobrar
explicação do réu.
O mais importante nem sequer mereceu perguntas ou aprofundamento: Cunha disse
que Michel Temer foi o grande árbitro da nomeação de diretores da Petrobras.
É, no mínimo, estranho que numa instrução criminal isso não chame a atenção,
nem do juiz, nem da imprensa.
A impressão que fica, mesmo com todo o nojo que se possa ter de uma figura
como Eduardo Cunha, é que não há a menor preocupação de apurar a verdade, mas a
de fazer apenas o papel de moralizador.
E, acima de tudo, como mesmo ainda não descendo aos fatos mais crus, Cunha
faz questão de mostrar que Temer está em suas mãos, embora a mídia não o queira
ver.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/279196/Cunha-d%C3%A1-um-n%C3%B3-em-Moro-E-diz-que-Temer-coordenava-nomea%C3%A7%C3%B5es-na-Petrobras.htm
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