Nas últimas horas, caciques da política brasileira começaram a debater uma solução para a crise política, tendo como premissa ou a saída da presidente Dilma Rousseff ou a redução de seus poderes, com uma espécie de semipresidencialismo – tema proposto por FHC e discutido por senadores como Renan Calheiros (PMDB-AL), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) na noite de ontem; essa discussão, no entanto, esbarra na impossibilidade de se construir um impeachment sem aparência de golpe, uma vez que não há crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma Rousseff – o caso Delcídio, por exemplo, estourou no colo da própria oposição; além disso, o parlamentarismo já foi rejeitado pelos brasileiros num plebiscito de 1993; a única "saída" é discutir uma saída com Dilma – e não sem ela
10 DE MARÇO DE 2016 ÀS 11:23
247 – Nas últimas horas, alguns dos principais oligarcas da política brasileira, começaram a se reunir em busca de uma saída para a crise política.
O principal indicativo disso foi a reunião entre dirigentes do PMDB e do PSDB na noite de ontem. "Há uma constatação de que o momento é bastante grave. Tanto o PMDB como o PSDB não podem ficar omissos. Vamos trabalhar juntos para encontrar, o mais breve possível, uma saída para a crise que o Brasil vive", disse Tasso Jereissati (PSDB-CE).
"Não viemos aqui derrubar o governo Dilma. Viemos buscar uma saída para a crise", afirmou Eunício Oliveira.
O único problema é que as "saídas" debatidas para a crise esbarram em impasses aparentemente insolúveis. O principal deles é ausência de um crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma Rousseff, sem o qual não se justifica um impeachment. Portanto, caso esta seja a "saída", ela será lida e percebida pela sociedade como o que de fato é: um golpe.
O que seria a bomba atômica para o impeachment, a delação premiada do ex-senador Delcídio Amaral, acabou estourando no colo da própria oposição, com a revelação de que também teriam sido citados o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e alguns dos principais caciques do Senado. Portanto, não virá daí o pretexto para a cassação.
Sem o impeachment, sobram outras "saídas", de também difícil implementação. Uma delas seria a renúncia da presidente Dilma, o que não ocorrerá, dada a sua personalidade forte. Ela não pretende deixar a História pela porta dos fundos. Ao contrário, ambiciona deixar um legado de combate à corrupção no País, após a turbulência.
Sobra então a "saída" proposta pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no último fim de semana, do "semipresidencialismo". Seria um regime misto: meio parlamentarista, meio presidencialista. Trata-se de um novo pacto das elites, mas esbarra no fato de o Brasil já ter rejeitado, por meio de plebiscito realizado em 1993, a adoção do parlamentarismo.
O que resta, portanto, é uma única saída possível: um amplo diálogo de todas as forças políticas com a presidente Dilma Rousseff – e não nas suas costas.
http://www.brasil247.com/pt/247/poder/220482/Sa%C3%ADda-pol%C3%ADtica-esbarra-num-n%C3%B3-a-aus%C3%AAncia-de-crime.htm
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