Se sem rua não tem impeachment, como disse o próprio Cássio Cunha Lima hoje
foi decretado o seu fim. Os organizadores (?) pensaram que seria o começo, o
nascimento, mas foi o enterro. Hoje o impeachment foi enterrado.
Malgrado a meia dúzia de gatos pingados sem nenhuma ideia do que seja isso
ter levado seus filhos de três anos às ruas, a maioria da população brasileira
não quer saber mais de impeachment por vários motivos:
1) o primeiro é que não há um motivo forte, determinante e isso quem diz não
são os petistas nem os esquerdistas, são experts até de direita, como o
ex-ministro Delfim Netto e o ex-governador Claudio Lembo;
2) as tais pedaladas fiscais usadas como pretexto não têm a mínima
consistência, como diz Delfim Netto hoje ao El País “no Brasil se pratica
pedalada desde Dom João VI”;
3) as pessoas já se tocaram que as questões politico-jurídicas têm que ser
resolvidas no âmbito jurídico-político e não nas ruas;
4) a continuação do impeachment só traz prejuízos ao país e aos brasileiros
pois quanto mais instabilidade política menos investimentos externos e menos
investimentos internos o que vai agravar a situação do emprego e da retomada do
crescimento;
5) as pessoas já perceberam que se Dilma cair em seu lugar virá a turma do
Temer e do Cunha com as consequências que ninguém quer pagar para ver;
6) o mais importante agora é afastar Eduardo Cunha da presidência da Câmara
dos Deputados a fim de ser retomada a ordem democrática, sem pressões indevidas,
manobras escusas e chantagens;
7) o país precisa de tranquilidade para recuperar o tempo perdido nesse
debate estéril que nos paralisou em 2015.
A percepção de que não cabe impeachment e seu esvaziamento galopante está na
cara. Em todas as grandes capitais o número de manifestantes vem decrescendo
desde o primeiro protesto, em março de 2014, aos dois seguintes, em agosto e
outubro e ao de hoje. Por isso é bobagem justificar o fiasco de hoje com
desculpas como “foi muito em cima” ou “estamos perto do Natal”. Quem quer
impeachment intensamente quer a qualquer hora do dia ou da noite. O público não
compareceu porque percebeu que quem ganha com isso é Cunha, é Temer, é
Bolsonaro, é Marco Feliciano, é Paulinho da Força e pouca gente gostaria de
tomar um café com algum deles.
O público não compareceu porque a maioria dos brasileiros sabe que esse
impeachment é uma tentativa de golpe porque não é um impeachment natural,
imperioso, um impeachment que se impõe por si só, como o do Collor.
O público já percebeu que é um impeachment dividido e duvidoso. E, como todo
mundo sabe, in dubio pro reu.
Sugiro que seja cancelada a manifestação contra o impeachment marcada para o
próximo dia 16. Não precisa mais. O impeachment foi enterrado. A não ser que os
organizadores queiram usá-la como missa de sétimo dia.
http://www.brasil247.com/pt/blog/alex_solnik/209392/Era-uma-vez-um-impeachment.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário