Por Fernando Brito
Uma semana depois de ter
deixado a Baía da Guanabara, no mesmo dia em que O Globo chamava o pré-sal
de “patrimônio
inútil”, o navio-plataforma Cidade de Maricá já está no Campo de Lula e, por
ironia, é o próprio jornal dos Marinho que noticia que
sua produção será antecipada em relação ao esperado:
A Petrobras conseguiu acelerar os trabalhos e vai antecipar em três meses
a entrada em produção do navio-plataforma (FPSO) Cidade de Maricá no pré-sal
na Bacia de Santos. A companhia informou que a unidade já está sendo ancorada no
campo de Lula na (área de Lula Alto). O Cidade de Maricá deverá entrar em
produção no primeiro trimestre de 2016, antecipando a previsão anterior que era
até fins do primeiro semestre.
Entrar em produção, no caso de um navio destes, é começar um processo
gradativo de engajamento de diversos poços, que leva meses para poder operar com
segurança cada um dos poços extratores de petróleo e injetores de gás e água,
para criar pressão e retirar o óleo dos depósitos rochosos.
E entrar em produção plena, para Cidade de Maricá significa aumentar em mais
de 5% a produção de petróleo no Brasil. Com o navio gêmeo Saquarema, que ocupou
seu lugar na terminação no Estaleiro Brasa, em Niterói, como 12%, ao final de
2016.
Fica a pergunta intrigante: se, como diz o jornal, “alguns preços de
referência de petróleo bateram US$ 37, acima do custo de produção no pré-sal,
calculado em junho pela Petrobras entre US$ 40 e US$ 57”, por que a Petrobras
estaria “antecipando a produção” do Cidade de Maricá.? Para “antecipar
os prejuízos”?
Por uma razão muito simples. O custo de extração do petróleo no campo de Lula
– e em boa parte do pré-sal – é de US$
9 dólares o barril. Isso é o custo operacional. O custo de exploração, que
envolve a amortização do investimento feito, os impostos, royalties ( Lula ainda
não é um campo do sistema de partilha) e outras obrigações, talvez, seja o
dobro.
Ainda assim, compensador.
O Globo agarra-se em números estimados no início da exploração do
pré-sal, quando ainda não se tinha ideia do potencial daqueles campos e na ideia
de que será eterna a depressão dos preços do petróleo.
E, sobretudo, quando não se podia dimensionar o que o aprendizado da
Petrobras , operadora única do pré-sal, poderia gerar de redução de custos. Ali,
no campo de Lula, a perfuração de poços no pré-sal nos campos de Lula durava 126
dias, em 2010; 60 dias em 2013 e, hoje, nem 50.
Como um poço custa, para ser perfurado, cerca de US$ 1 milhão por dia – só
uma sonda de águas ultraprofundas tem um aluguel de US$ 500 mil diários – dá
para ter uma ideia do que isso representa.
Como são várias centenas de poços, uma ideia mais avantajada ainda. US$ 70
bilhões na construção de poços exploratórios e de desenvolvimento da produção no
Brasil, na segunda metade desta década.
A perfuração de poços é praticamente metade dos gastos da área de exploração
e produção da empresa.
O Globo se embaralha nas próprias pernas. Tenta nos convencer que as
uvas estão verdes.
Os vendilhões da pátria, há muitos anos, usam o mesmo discurso: o Brasil não
vale nada…
Tanto vale que eles nunca o entregam para seu povo.
http://tijolaco.com.br/blog/o-globo-plataforma-antecipa-producao-mas-o-pre-sal-nao-era-patrimonio-inutil/
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