16 de Dezembro de 2015 às 20:59
247 - A presidente Dilma Rousseff fez nesta quarta-feira (16) um duro discurso contra o processo de impeachment. Ela afirmou que a iniciativa é "golpe" porque não há motivos para afastá-la do Palácio do Planalto. Dilma lembrou ainda o período da ditadura militar, ao afirmar que o Brasil vive um momento de "batalha", que "ditará os rumos do país por muito tempo".
"A Constituição brasileira prevê sim esse processo. O que ela não prevê é a invenção de motivos. Isso não está previsto em nenhuma Constituição", afirmou ela durante discurso na 3ª Conferência Nacional da Juventude.
"Aqueles que tentam interromper um mandato popular conquistado legitimamente nas urnas não conseguem encontrar uma razão consistente para seus atos de tentar interromper o meu mandato. E é à falta de razão que nós chamamos de golpe", completou.
A presidente ainda afirmou que "usando todos os instrumentos que o Estado democrático de direito faculta, lutarei contra a interrupção ilegítima de meu mandato".
Dilma também atacou seus opositores. "[Eles] sabem que têm de usar de artifícios, porque não conseguirão nada atacando minha biografia, que é conhecida. Sou uma mulher que lutou, amo o meu país. E eu sou honesta. O mais irônico é que muitos que querem interromper o meu mandato têm biografias que não resistem a uma rápida pesquisa no Google", disse.
A presidente também lembrou a época da ditadura. "Eu e muitos outros da minha geração sabemos ao que levam os pequenos passos, que depois se transformam em grandes passos, e depois ainda em pesadelos, quando a ditadura se instala", disse. Para ela, é preciso impedir que a democracia do país seja "golpeada, agredida ou desrespeitada".
Dilma ainda negou que a crise política seja uma justificativa para sua destituição. "Só no parlamentarismo a crise política é alegação para se afastar o governo. Porque no parlamentarismo, o chefe de governo não é eleito pelo voto direto majoritário e sim pelo voto proporcional. Assim, quando há alguma questão política, é possível dissolver o gabinete e convocar novas eleições. No presidencialismo, não. O voto é direto, é majoritário, foi dado nas urnas", afirmou.
Dilma voltou a criticar "atalhos" para se chegar ao poder, de forma a provocar uma "situação de instabilidade" no país. Ela ainda criticou em seu discurso a redução da maioridade penal, a repressão a "movimentos pacíficos com forças policiais" e defendeu a Petrobras, estatal alvo de operação da Lava Jato.
"Enganam-se aqueles que acham que a Petrobras não tem a força de antes. A Petrobras continua sendo a maior empresa deste país",disse.
Abaixo trecho do discurso da presidente publicado em seu perfil no Facebook:
"Neste momento, usando todos os instrumentos que o Estado Democrático de Direito me faculta, lutarei contra a interrupção ilegítima de meu mandato. Por quê? Primeiro, porque eu acredito e prezo a democracia e, segundo, porque eu tenho um compromisso de continuar mudando o Brasil.
Aqueles que tentam interromper um mandato popular conquistado legitimamente nas urnas não conseguem encontrar uma razão consistente para seus atos de tentar interromper o meu mandato.
E é isso, a falta de razão, que nós chamamos de golpe. Não é justificativa para não ser golpe o fato da Constituição prever que pode ocorrer casos em que haja um processo de impeachment. A Constituição brasileira prevê, sim, esse processo. O que ela não prevê é a invenção de motivos. Isso não está previsto em nenhuma Constituição.
Por isso aqueles que tentam chegar ao poder de forma a saltar a eleição direta oscilam entre invenções, falácias, porque não há como justificar o atentado que querem cometer contra a democracia. E é isso - vou repetir - que nós chamamos de golpe.
Alegam, em alguns momentos, que o motivo seria o que nós fizemos no Orçamento Federal. Ocultam que jamais houve nenhum desvio no que eles apontam como sendo o problema. Eles não sustentam, não sustentam qualquer argumento, porque não houve irregularidade."
https://www.brasil247.com/pt/247/poder/209916/Dilma-fala-em-'golpe'-e-em-'invenção-de-motivos'.htm
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