17 de Dezembro de 2015 às 15:59
247 - Um grupo de artistas e intelectuais liderado pelo
teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff entregou nesta quinta-feira 17 à
presidente Dilma Rousseff um manifesto em defesa da democracia e da legalidade,
contra o impeachment e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
A entrega foi feita a Dilma no Palácio do Planalto, durante reunião da
presidente com a Frente Brasil Popular, liderada pelo líder do MST, João Pedro
Stédile. A frente foi responsável por organizar as manifestações de ontem contra
o impeachment, que levou 55 mil pessoas apenas à Avenida Paulista, em São Paulo.
Atos ocorreram em 25 Estados e no Distrito Federal.
O manifesto também foi entregue na Câmara dos Deputados, onde alguns
integrantes do grupo, como Chico César e Tico Santa Cruz, além de Boff,
concederam coletiva. "Viemos a público repudiar a tentativa de golpe imposta por
Eduardo Cunha, por não haver elementos que fundamentem esta atitude, a não ser
pelo desespero de quem não consegue explicar o seu comprovado envolvimento com
esquemas espúrios de corrupção", diz trecho do texto.
Leia a íntegra do manifesto:
MANIFESTO EM DEFESA DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
O
Brasil vive um momento histórico em que a legalidade e as instituições
democráticas são testadas, o que exige opinião e atitude firme de todos e todas
que têm compromisso com a democracia.
Desde as eleições de 2014, vivemos um grande acirramento político que permeia
as mais diversas relações humanas e sociais. Essa situação ganhou novos
ingredientes a partir da eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara
dos Deputados e, de forma especial, após este ser denunciado pelo Ministério
Público Federal por seu envolvimento em atos de corrupção, possuindo contas
bancárias no exterior e ocultando patrimônio pessoal.
Absolutamente acuado pelas denúncias, pelas fartas provas do seu envolvimento
em atos ilícitos e enfrentando manifestações em todo Brasil contra a agenda
conservadora e retrógrada do ponto de vista de direitos que lidera, Cunha, que
já não tem mais nenhuma legitimidade para presidir a Câmara, decidiu enfrentar o
Estado Democrático de Direito. A aceitação de um pedido de impedimento da
Presidenta da República no momento em que avança o processo de cassação do
deputado é uma atitude revanchista que atenta contra a legalidade e desvia o
foco das atenções e das investigações.
Neste sentido, viemos a público repudiar a tentativa de golpe imposta por
Eduardo Cunha, por não haver elementos que fundamentem esta atitude, a não ser
pelo desespero de quem não consegue explicar o seu comprovado envolvimento com
esquemas espúrios de corrupção. Não se trata neste momento de aprovar ou
reprovar o governo ou a forma como a Presidenta da República, mas defender a
legalidade e a legitimidade das instituições do nosso país.
Por outro lado, defendemos o cumprimento do Regimento da Câmara dos Deputados
e da Constituição Federal, ambos instrumentos com fartos elementos que
justificam a cassação do mandato de Eduardo Cunha. Caso contrário, toda a classe
política e as instituições brasileiras estarão desmoralizadas, por manter no
exercício do poder um tirano que utiliza seu cargo de forma irresponsável para
manutenção dos seus interesses pessoais. Apelamos às e aos parlamentares, ao
Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal, autoridades cuidadoras da
sanidade da política e da salvaguarda da ordem democrática num Estado de
Direito, sem a qual mergulharíamos num caos com consequências políticas
imprevisíveis. O Brasil clama pela atuação corajosa e decidida de Vossas
Excelências.
Não aceitamos rompimento democrático! Não aceitamos o golpe! Não aceitamos
Cunha na presidência da Câmara dos Deputados!
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/210054/Intelectuais-levam-a-Dilma-o-manifesto-da-legalidade.htm
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