8 de abril de 2014 | 23:43 Autor: Fernando Brito
Resolvi traduzir em fatos, ao longo dos próximos dias, qual é o significado das tais “medidas impopulares” que Aécio Neves, com Fernando Henrique e Armínio Fraga a tiracolo, andou prometendo para a fina flor do capital, a fim de “recuperar” a economia.
E começo com uma das que , com certeza, está no topo da lista: o esfriamento dos empréstimos concedidos para a compra da casa própria.
Os números espantosos sobre financiamento imobiliário no Brasil – ou sobre a falta dele, antes de Lula e Dilma – dispensam maiores explicações.
Num único ano do governo Dilma são contraídos mais financiamentos para casa própria em número muito maior do que cada um dos governos de Fernando Henrique.
Na Caixa, 68,5%, e nos bancos privados.
O deficit habitacional brasileiro caiu de 12 milhões de moradias para 5,6 milhões, 2 milhões delas no Nordeste.
Note lá no gráfico que a maioria (54%) dos tomadores de crédito, este ano, são pessoas jovens, com menos de 35 anos de idade.
Que, ao contrário de nós, estão tendo como chegar ao sonho da casa própria ainda bem novos.
E o que tem a ver isso com as tais prometidas “medidas impopulares”?
Isso aconteceu porque o Governo capitalizou, com recursos do Tesouro, a Caixa – que é 100% estatal -, para que ela pudesse ter recursos para financiar moradia.
Um governo disposto a seguir a cartilha neoliberal acabaria, de imediato, com este modelo.
Emissão de títulos, só para pagar mais juros, onde já se viu fazer isso para financiar casa própria?
Retornaríamos ao tempo em que isso ficava por conta dos bancos privados essencialmente e, aí, para 300 ou 400 mil unidades financiadas, e olhe lá.
Oitocentas mil famílias por ano voltariam a ficar de fora do mercado.
Isso vai ser dito ao povo brasileiro?
Ah, vai, sim.
PS. Os gráficos foram obtidos no excelente blog do professor Fernando Nogueira da Costa e no trabalho Papel do Crédito Imobiliário no Crescimento Econômico- social, do Diretor Executivo de Habitação da Caixa, Teotônio Costa Rezende.
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