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terça-feira, 21 de julho de 2015

Quem diria: agora é Cunha quem quer por freios em Moro

 

Autor: Fernando Brito

pimenta

Suprema, sem trocadilho, ironia.

Agora, quando lhe arde o couro, é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, quem parte a denunciar ao Supremo Tribunal Federal os abusos do juiz Sérgio Moro na Operação Lava-Jato.

Enquanto os “vazamentos” seteivos alcançavam o Governo e o PT, culminando na cabulosa capa de Veja usada como panfleto de boca-de-urna contra Dilma e Lula – “eles sabiam de tudo” – baseada em opiniões dos delatores, sem acusações fáticas, valia.

Agora, que o acusam com todos os efes, erres e cifrões de achacador, Cunha relembra-se do foro privilegiado, desde que seja para si mesmo.

É complexa a questão jurídica – e não seria se não houvesse sido instaurado um procedimento contra ele, Cunha – relativa ao poder de Moro em conduzir um inquérito onde o presidente da Câmara é, indiscutivelmente, parte, em juízo de primeira instância.

Só que a baderna jurídica que se implantou sob a cumplicidade geral tornou difícil ao Supremo dizer que não, que Moro não tem competência de foro para investigar – falcatruas onde estejam envolvidos detentores de foro privilegiado.

Mas Cunha não quer só isso.

Requereu a nulidade do processo em relação a si mesmo.

Anulado o instrumento processual onde ele é denunciado, as provas ali colhidas não podem mais ser validadas.

Nem mesmo os indícios podem sustentar uma ação penal na instância devida.

É um jogo temerário, como todos os que faz Cunha, porque aumenta a fome de produzir provas autônomas, vinculadas exclusivamente ao inquérito que corre no Supremo contra Cunha .

Cunha está atento a isso e procura se antecipar.

Não vai sair de Brasília durante o recesso parlamentar e arranjou uma agenda para toda a semana, destes típicos compromissos “de cobertura”.

Diz que vai participar, todos os dias de um projeto da Câmara em que estudantes universitários simulam participação nas atividades legislativas.

Mas também aí há uma amarga ironia no nome do projeto.

Politéia 2015.

O mesmo nome que, na semana passada, batizou as batidas nas casas dos senadores envolvidos nas “mordidas” a empresários, feitas através dos ocupantes de cargos na Petrobras que exigiram em nome da “governabilidade”.

Exigência que, aliás, Cunha fez em relação a Fábio Cleto, vice-presidente da Caixa e integrante do Comitê de Investimentos do Fundo de Investimentos do FGTS, ao qual “compete deliberar sobre propostas de investimento e acompanhar as diretrizes a serem seguidas pelo FI-FGTS, com relação a sua política de investimentos.”

Ou será que Cleto está rompido- “em nome pessoal”, claro – com o Governo Dilma?

http://tijolaco.com.br/blog/?p=28412

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