Sputinik – Michel Temer assumiu a Presidência em 31 de agosto de 2016, em seguida a um conturbado processo de impeachment de Dilma Rousseff. O presidente encerra o mandato sem conseguir promover reformas propostas, além de resultados modestos na economia. Os escândalos de corrupção também minaram a capacidade de negociação do governo.
Mas qual é o legado do presidente Michel Temer após dois anos no poder? Para o cientista social e professor da Universidade Veiga de Almeida, Guilherme Carvalhido, o período de Temer no poder pode ser entendido como um "governo de transição, resultado de um grupo político insatisfeitos com os rumos tomados pela ex-presidente petista, substanciado por parte da população que deu guarita à estrutura" montada através do impeachment.
Para Carvalhido, Temer deixa como principal ponto positivo o estancamento da crise econômica. Na opinião do especialista, o presidente eleito Jair Bolsonaro encontrará uma economia "não em crescimento, mas pelo menos estabilizada". Ele avalia, porém, que os mecanismos de corrupção que atingiram o governo petista também impactaram Temer em igual medida porque, "houve algumas mudanças de posição política, mas não do ponto de vista de pessoas, que são parecidas e muitos minitros do governo Temer também fizeram parte dos governos Dilma e Lula. É um grupo político muito forte".
"As denúncias de corrupção que o próprio presidente recebeu e também os integrantes [do governo] ligados a ele deram continuidade ao que estava acontecendo nos governos do PT. O legado econômico, sem um crescimento a contento, já é um elemento positivo para o Brasil porque passamos por uma queda muito significativa", avalia.
A opinião é compartilhada pelo cientista político e professor emérito da Universidade de Brasília, David Fleischer. Para ele, algumas medidas adotadas por Temer foram positivas como a criação do Ministério da Segurança Pública, a reforma trabalhista e até a polêmica intervenção federal. Ele avalia que as conquistas econômicas foram modestas, com "desemprego ainda em alta, sem conseguir atrair investimentos e o PIB sem crescimento significativo".
"Ele está deixando uma economia bem melhor do que ele encontrou. Em 2015 e 2016, nós tivemos PIBs negativos (...). O que ele tá deixando não está ideal, é evidente, mas é melhor que 2016", analisa.
"O desafio maior é na área da economia, de atrair novos investimentos e criar empregos. Outro desafio será aprovar a [reforma] previdência, um sinal que os investidores estão esperando e que pode ajudar a aliviar o déficit gigantesco na previdência social. Para isso, ele precisará formar uma coalizão de apoio no Congresso", finaliza.
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