Pedro Cardoso
Dizer que Dilma Rousseff é uma presidenta que não governa é redundância. Não pelos números negativos recordes, pois todos os governos nunca trouxeram números alentadores, mas pela sua falta de postura e pela linguagem caricata que utiliza quando fala de improviso.
Mesmo andando como um pugilista nocauteado ainda de pé, ela mudou seus ministros recentemente para tentar o mínimo de governabilidade, ainda que terceirizada a Lula e ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB.
Orientada por alguém, na cerimônia de posse dos “novos” integrantes do governo, a presidenta insinuou certa humildade e disse que “se erros foram cometidos”...
Definitivamente, se após toda essa crise em que os 12 anos do governo petista meteu o país a mandatária ainda tem dúvida se existiram erros no seu governo, deveria ser cobrada a rever seus conceitos sobre gestão pública. Os políticos brasileiros não adequam a linguagem a maior politização de sua população. O fundo do poço não é suficiente para a presidenta dizer taxativamente que erraram e mencionar os equívocos mais perniciosos.
O presidente da Câmara dos Deputados hesitou em sair do país para um evento que já tinha presença confirmada na Itália, e não ficou corado ao dizer que optou pelo casamento de um colega. Todos esperaram que ele mantivesse sua fama de durão fora do país. Talvez fizesse companhia a José Maria Marin, já que o noticiário afirma ser correntista no mesmo país onde está encarcerado o outro nobre brasileiro. A ele acrescente-se a desfaçatez de negar as contas quando os bancos e autoridades suíças afirmam ser dele. Seria um complô suíço contra ele, como se alguém “além-fronteiras” soubesse de quem se trata.
Como se trata de linguagem universal da política brasileira, o governador Geraldo Alckmin seguiu essa linha ao estabelecer 25 anos de sigilo de alguns documentos relativos aos transportes metropolitanos, Metrô, CPTM e EMTU. Esse tempo garantiria a prescrição de eventuais crimes cometidos no processo de aquisição, de conservação e de manutenção de trens e ônibus.
O secretário estadual de Transportes afirmou que nada tinha a ver com as denúncias de corrupção envolvendo contratos dessas empresas. Para justificar a possibilidade de revisão da decisão, grosso modo, o governador disse que isso – o prazo de 25 anos – não foi feito aqui no governo, mas “lá na secretaria”. Ninguém o alertou de que a Secretaria compunha – era - o próprio governo. Afora a malandragem no linguajar, o governo fez um golaço ao revogar essa malandragem estapafúrdia.
Apesar de o governo federal ter afundado o país, a queixa maior da população está centrada nas mentiras de campanha da presidenta. Todos são unânimes em afirmar que não votariam nela se tivesse falado que tomaria as medidas que adotou depois de eleita. Ou seja, com esse modelo atual de eleição, ou todos os candidatos mentem para se eleger, ou não são eleitos, mas a população que vota nas mentiras é a mesma que reclama dela depois.
Mas a população dá alguns sinais de esgotamento com o atual modelo de gestão. O ex-ministro da economia Guido Mantega não consegue mais andar em locais públicos. Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal – STF, foi hostilizado recentemente em Maceió, quando iria receber mais uma dessas comendas causadoras de despesas desnecessárias. Com todos esses indicativos de impaciência, os políticos teimam em manter uma linguagem ultrapassada, totalmente dissociada da sociedade, arriscando-se a pagar um preço muito alto por isso.
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