Acabou, não é mesmo? A gota d’água acaba de pingar no copo. Senão, vejamos.
Autoridades do governo da Suíça enviaram à Procuradoria Geral da República cópias do passaporte, a assinatura e os dados pessoais do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Os documentos materializam a existência de contas bancárias dele no exterior.
Os documentos, como se sabe, foram exibidos pelo “Jornal Hoje”, da TV Globo, na tarde desta sexta-feira (16). São milhões e milhões de francos suíços, dólares, euros etc. Uma fortuna que não tem origem explicável.
No mesmo dia, a imprensa noticia que Cunha é dono de carrões caríssimos, e os demais detalhes de sua vida faustosa pipocam por toda parte. E escandalizam ainda mais diante da imagem pública de arauto do impeachment de Dilma Rousseff que ele construiu junto a grupos que dizem “lutar contra a corrupção”.
Diz a imprensa corporativa que o PT não quer confrontar Cunha. Em menor intensidade, reconhece que o PSDB também não quer. Os petistas porque buscariam um acordo para todos se salvarem e os tucanos porque veem nele o único que pode derrubar Dilma.
Não creio que todos os petistas e todos os tucanos pensem assim, mas é possível que boa parte de cada grupo tenha as ideias que lhes atribuem sobre a salvação de Cunha.
Fico me perguntando, porém, se algum dos lados tem poder para salvar Cunha. Será que o PT ou o governo Dilma ou o PSDB ou Aécio Neves controlam o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal?
Os petistas dirão que o PSDB controla e os tucanos dirão o mesmo sobre o PT. Não digo que a Justiça ou o MP não tenham seus interesses e seus vieses políticos. Seria uma bobagem. Mas digo que eles têm critérios políticos próprios e não tenho certeza se aliviar para Cunha seria um deles.
Por que? Simplesmente porque há muita prova contra Cunha. Muita prova. Uma quantidade de provas que tornará sua absolvição um escândalo de proporções imprevisíveis e incontroláveis. Sobretudo se ele continuar presidindo uma das Casas Legislativas do Brasil.
Notem bem que as provas contra Cunha estão vindo do exterior. As notícias sobre essa montanha de provas materiais de que o presidente da Câmara dos Deputados do Brasil é corrupto estão se espalhando pelo mundo rapidamente.
Pelo que conheço do STF – e conheço pouco, mas conheço um pouco – aqueles ministros não quererão ficar associados ao escândalo internacional que seria Cunha se safar dessa sem passar uns bons anos vendo o sol nascer quadrado.
E muito menos eles querem ser responsabilizados pelo vexame que seria ele ter sido deixado comandando uma das Casas Legislativas do país. O STF tem o dever constitucional, ético e moral de tirar Eduardo Cunha do cargo, até para parar de atrapalhar as investigações.
O STF está conspurcando sua imagem ao não fazê-lo. Pelo que sei, a Corte já começa a ficar incomodada com a repercussão dessa vergonha…
Em tempo: a mesma premissa sobre preocupação com imagem vale para o Ministério Público, que se revela bafejado pelo culto à própria imagem – o que não é de todo mau, apesar de facilmente poder vir a ser ruim.
Seja como for, porém, o fato é que tirar Cunha do palco vai se tornando uma questão suprapartidária. E não estou nem me referindo a ética, mas a interesses políticos. Afinal, a sociedade logo estará cobrando em um nível insuportável que ele seja responsabilizado.
As correntes anti Cunha na internet já mobilizam centenas de milhares de pessoas em um único post em blogs ou no Facebook. E a efervescência contra o presidente da Câmara deve crescer geometricamente após a publicidade de sua assinatura nas fichas de contas bancárias que ele afirmara não ter.
Tucanos, petistas e até peemedebistas vão querer suas imagens associadas a Eduardo Cunha quando as imprensas alternativa ou corporativa acabarem acusando este ou aquele de estar ao lado dele?
Duvido.
Além de tudo isso, resta a questão civilizatória. Uma sociedade civilizada não pode permitir que ladrões façam suas leis. Ora, o que é que faz a Câmara dos Deputados? Leis. E quem comanda a Câmara dos Deputados? Alguém sob suspeita (com provas) de ser ladrão.
Daí que…
Por essas e outras, creio que, não tarda, Eduardo Cunha será atirado ao mar por gregos e troianos. Nesse momento, alguns vão correr feito loucos às portas da Justiça para exigir que certas imagens, como a que encima este texto, sejam retiradas da internet.
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