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segunda-feira, 31 de julho de 2023

Produção de petróleo no Brasil deve crescer até 80% em 10 anos

Estimativas apontam que a produção nacional de petróleo passará dos atuais 3 milhões para 5,4 milhões de barris por dia em 2029

(Foto: Divulgação)

247 - Nos próximos dez anos, o Brasil está prestes a vivenciar um verdadeiro boom na produção de petróleo. Segundo o Metrópoles, as estimativas apontam para um crescimento impressionante da commodity, passando de 3 milhões para 5,4 milhões de barris por dia até 2029, o que representa um aumento de 80%. A partir daí, a produção deve se estabilizar em torno de 4,9 milhões de barris diários até 2032. 

O que é mais surpreendente é que esse crescimento não se baseia em mera especulação ou na busca por novas áreas exploratórias, como a Margem Equatorial, incluindo a foz do Amazonas. Na verdade, a produção já está garantida, sendo impulsionada pelo aumento da produtividade das áreas atualmente em exploração e pela entrada de novas plataformas nessas regiões. 

Segundo o professor Helder Queiroz, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), todo esse crescimento será fortemente concentrado no pré-sal, onde mais de 70% da produção nacional tem origem nas reservas em águas profundas e ultraprofundas, a cerca de 7 mil metros abaixo da superfície do mar.

Dentre os destaques desse promissor cenário petrolífero, encontra-se o Campo de Búzios, localizado no pré-sal da Bacia de Santo e que é considerado o maior do mundo em águas profundas, que recentemente celebrou a produção de 1 bilhão de barris de petróleo em apenas cinco anos de atividade. Atualmente, O Campo de Búzios produz em média 700 mil barris por dia, mas especialistas preveem que esse número possa alcançar a marca de 2 milhões de barris diários nos próximos cinco anos. No ano passado, a produção total do Brasil foi de 3 milhões de barris por dia.

Em outras palavras, Búzios poderá representar mais de 60% da extração nacional de petróleo em breve. Para atender a essa demanda crescente, o campo contará com 11 plataformas em operação, sendo quatro em construção e três com contratos assinados pela Petrobras.

A indústria de petróleo e gás já representa 15% do Produto Interno Bruto industrial do país, empregando cerca de 1,5 milhão de pessoas em toda a cadeia de produção e gerando R$ 170 bilhões em tributos em 2021. Com o aumento da produção, esses números crescerão substancialmente, especialmente considerando a previsão de investimentos na ordem de US$ 180 bilhões até 2030, de acordo com o economista João Victor Marques Cardoso, pesquisador do Centro de Estudos de Energia da Fundação Getulio Vagas (FGV Energia). 

“A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) calcula que a arrecadação com royalties e participações especiais – que têm como destino a União, além de estados e municípios nos quais há produção de petróleo – deste ano será de R$ 93 bilhões. Em 2026, o limite da projeção ANP, ela chegará a R$ 108,5 bilhões”, ressalta a reportagem. 

O avanço na produção de petróleo também traz implicações geopolíticas. O Brasil, atualmente o nono maior produtor de petróleo do mundo, deve saltar para a quinta posição na próxima década. Essa mudança de status confere ao país uma posição estratégica mais relevante no cenário mundial de produção de óleo e gás. Ao contrário dos principais polos petrolíferos cercados por tensões e conflitos, como Oriente Médio, Rússia e alguns países africanos, o Brasil poderá oferecer uma fonte mais confiável de fornecimento do produto. Isso pode fortalecer a sua posição na arena geopolítica global.

Embora a exploração de petróleo possa levantar questões sobre sustentabilidade, especialistas apontam aspectos favoráveis para o Brasil. A intensidade de carbono resultante da produção nacional de petróleo é inferior à média mundial, especialmente em campos como Tupi e o Campo de Búzios, onde é de menos de 10 quilos de CO2 por barril de petróleo equivalente. Em comparação, no Canadá, esse valor ultrapassa 40 quilos. 

Embora o mundo esteja caminhando para a transição energética, com redução da demanda por petróleo, é importante notar que essa transição não ocorrerá de forma imediata. Estimativas apontam que a demanda por petróleo permanecerá intensa até 2050. Além disso, o petróleo é essencial para setores como têxtil e farmacêutico, onde ainda não existem alternativas viáveis de matéria-prima.

Fonte:  https://www.brasil247.com/economia/producao-de-petroleo-no-brasil-deve-crescer-ate-80-em-10-anos

 

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