A dívida interna e externa em todo o mundo aumentou mais de cinco vezes nas últimas duas décadas, superando a taxa de crescimento econômico
Dívida pública dos EUA bate recorde e vai a mais de US$ 21 trilhões (Foto: REUTERS/Jo Yong-Hak)
Reuters - A dívida pública global subiu para um recorde de US$ 92 trilhões em 2022, à medida que os governos faziam empréstimos para combater crises, como a pandemia de Covid-19, com o ônus sendo sentido de forma aguda pelos países em desenvolvimento, mostrou um relatório da ONU.
A dívida interna e externa em todo o mundo aumentou mais de cinco vezes nas últimas duas décadas, superando a taxa de crescimento econômico, uma vez que o Produto Interno Bruto (PIB) apenas triplicou desde 2002, de acordo com o relatório desta quarta-feira (12), divulgado antes da reunião dos ministros das Finanças e chefes dos BCs do G20, de 14 a 18 de julho.
"Os mercados podem parecer não estar sofrendo – ainda. Mas as pessoas estão", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, a repórteres. "Alguns dos países mais pobres do mundo estão sendo forçados a escolher entre pagar sua dívida ou servir seu povo."
Os países em desenvolvimento são responsáveis por quase 30% da dívida pública global, dos quais 70% são representados por China, Índia e Brasil. Cinquenta e nove países em desenvolvimento enfrentam uma relação dívida/PIB acima de 60%, um limite que indica altos níveis de dívida.
"A dívida tem se traduzido em um fardo substancial para os países em desenvolvimento devido ao acesso limitado a financiamento, custos crescentes de empréstimos, desvalorizações da moeda e crescimento lento", acrescentou o relatório da ONU.
Além disso, a arquitetura financeira internacional tornou o acesso ao financiamento para os países em desenvolvimento inadequado e caro, disse a ONU, apontando para pagamentos líquidos de juros da dívida superiores a 10% das receitas de 50 economias emergentes em todo o mundo.
"Na África, o valor gasto em pagamentos de juros é maior do que os gastos com educação ou saúde", constatou o relatório, com 3,3 bilhões de pessoas vivendo em países que gastam mais com pagamentos de juros da dívida do que com saúde ou educação.
"Os países estão enfrentando a escolha impossível de pagar sua dívida ou servir seu povo."
Credores privados, como detentores de títulos e bancos, representam 62% do total da dívida pública externa dos países em desenvolvimento.
Na África, essa participação dos credores cresceu de 30% em 2010 para 44% em 2021, enquanto a América Latina tem a maior proporção de credores privados detentores de dívida externa do governo para qualquer região em 74%.
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