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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Golpe do locaute fracassou

 


247 - Em parceria com a Globo, o governo Temer tentou vender ao país a lorota de que a greve dos caminhoneiros seria um locaute (paralisação de atividades promovida por empresários). Um grupo de empresários gananciosos estaria parando o país, segundo a versão Globo-Temer que teve como um dos principais porta-vozes o ministro da Segurança, Raul Jungmann. A estratégia teve seu início logo que explodiu o movimento com uma manifestação raivosa da jornalista Míriam Leitão na Globo, acusando o movimento de locaute. Foi um fiasco. A versão é mentirosa e foi se desmontando ao longo da semana passada e especialmente neste fim de semana.

O transporte rodoviário de cargas no Brasil é tão pulverizado que a tentativa do governo de ligar a greve dos caminhoneiros a um locaute por parte de empresas tem pouca chance de ser eficaz, segundo consultores e advogados, segundo o jornalista Fernando Scheller, no Estadão. De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o País tem 111,7 mil empresas no ramo, donas de 1,1 milhão de caminhões, reboques e utilitários leves. Isso significa que, em média, cada companhia tem 9,7 veículos; O locaute se configura quando um grupo de empresas "trava" a economia como um todo para obter vantagens para seu setor de atividade. Caso o governo utilizasse a tese em um mercado concentrado, a chance de êxito seria maior. No entanto, segundo fontes do setor, essa realidade não se aplica ao transporte rodoviário de cargas.

As dez maiores frotas de veículos do País somam hoje cerca de 30 mil veículos. Ou seja: caso todo esse contingente sofresse punição, 97% dos caminhões detidos por empresas poderiam continuar a obstruir estradas. A líder isolada em transporte rodoviário é a JSL, que atualmente contabiliza 9,6 mil veículos (ou seja, sua fatia dos veículos corporativos é inferior a 1%).

"Considero a hipótese de locaute muito difícil de provar", diz o advogado Clóvis Torres, sócio do escritório Souza, Mello & Torres. "Existem sim empresas grandes no setor, mas elas são poucas. É um movimento em que fica muito difícil de achar um culpado que possa responder pelo problema como um todo", resume.

Consultor na área de logística, Maurício Lima, do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), afirma que a maior parte do setor de transporte de cargas está nas mãos de pequenas empresas, com três ou quatro caminhões próprios. "É aquele caminhoneiro que conseguiu adquirir mais veículos e terceiriza o outro para parentes."

Fonte: https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/356383/Golpe-do-locaute-fracassou.htm

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