Um dos trechos do acordo é sobre licitações públicas, avaliadas em mais de US$ 150 bi no Brasil a cada ano. Pelo pacto, o mercado brasileiro estaria aberto a empresas europeias
Celso Amorim (à esq.) e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: ABr)
247 - Assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para temas internacionais, Celso Amorim disse que o Brasil não aceitará um acordo "neocolonial" com os europeus. Ele fez uma referência ao pacto entre Mercosul e União Europeia. A informação foi publicada nesta quinta-feira (22) pela coluna de Jamil Chade. "É muito bom ter um acordo com a União Europeia, até para ajudar no equilíbrio mundial e para o nosso equilíbrio. Não queremos só China e EUA. Mas não pode ser uma relação neocolonial", disse. Um dos trechos do acordo é sobre licitações públicas, avaliadas em mais de US$ 150 bilhões no Brasil a cada ano. Pelo pacto, o mercado brasileiro estaria aberto para as empresas europeias, ameaçando a capacidade de concorrência das indústrias nacionais. O governo Lula quer rever essas condições.
O tema foi discutido em Roma, na Itália, onde o petista desembarcou para estreitas relações com governos de países europeus. O presidente francês, Emmanuel Macron, também discute o pacto entre Mercosul e União Europeia nesta quinta-feira (22). Em carta apresentada em abril, os europeus estabeleceram condições para fazer um acordo. A principal delas era que o Brasil cumprisse metas do Acordo de Paris e até ir além de seus compromissos multilaterais.
Ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim disse que "um acordo deste precisa ser baseado na confiança, e não na desconfiança". Ele admite que o Brasil pode assumir compromissos e, em quatro anos, o processo poderia ser revisto. "Mas aceitar que você pode aceitar sanções é como se uma pessoa que cometa um ilícito aceite a pena de morte. Isso não existe. A carta foi muito infeliz".
Em entrevista coletiva, Lula disse que a proposta dos europeus para a questão agrícola e climática "não está em conformidade" com os interesses do país e afirmou que o Brasil quer recuperar sua "capacidade de industrialização". "A carta é inaceitável. Nem eles cumpriram (o acordo)".
Nenhum comentário:
Postar um comentário