Presidente da Câmara comprou propriedade de 50 mil metros quadrados com dinheiro em espécie administrado por assessor investigado pela Polícia Federal
Arthur Lira (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados | Divulgação/PF | Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
247 - Um acordo firmado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), com uma família do interior de Alagoas reforça as suspeitas da Polícia Federal (PF) de que pagamentos de despesas pessoais do parlamentar teriam sido feitos por um assessor investigado por desvio de dinheiro público, diz a coluna do jornalista Rodrigo Rangel, do Metrópoles.
Documentos apreendidos com Luciano Cavalcante, considerado braço-direito de Lira, e com o motorista dele, Wanderson de Jesus, durante a Operação Hefesto, deflagrada no início de junho com o objetivo de investigar a suspeita de fraudes na compra de kits de robótica com recursos do Ministério da Educação, indicam que o mesmo assessor apontado como participante do esquema gerenciava um fundo utilizado para cobrir as contas de Lira.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do Ministério da Educação responsável pelas transferências de recursos sob investigação, era administrado na época pelos membros do PP, partido ao qual o presidente da Câmara é filiado. A PF suspeita que o esquema se estendia além disso, incluindo dinheiro desviado de outros órgãos administrados pelo partido.
No material apreendido pela PF, constam anotações com vários valores relacionados ao nome "Arthur". Muitos desses valores indicam, de fato, despesas do presidente da Câmara, como as contas de um hotel em São Paulo, onde Lira costuma se hospedar, além de gastos com automóveis e até mesmo sessões de fisioterapia para o pai do deputado.
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No entanto, um dos valores em particular deixa pouca margem para dúvidas e revela a rotina de pagamentos das contas pessoais de Lira em dinheiro vivo: a compra, pelo presidente da Câmara, de uma propriedade rural no interior de Alagoas.
Entre os documentos encontrados pelos policiais com Wanderson de Jesus, o motorista, havia uma folha escrita à mão na qual um casal da cidade de São Sebastião, localizada a 120 quilômetros de Maceió, declara ter recebido R$ 40 mil como pagamento por uma área de aproximadamente 50 mil metros quadrados. Wanderson declarou à PF que realizava os pagamentos sob instruções de Luciano Cavalcante, o assessor de Lira para quem trabalhava.
Segundo a reportagem, “Maria José Pacheco, filha de Manoel Pacheco, o homem que assina o tal recibo, confirmou que o pai vendeu a área a Arthur Lira e que o pagamento foi feito ‘em dinheiro’. ‘Arthur realmente comprou uma terra do meu pai. Pagou R$ 40 mil’, disse ela. Questionada sobre como ocorreu o pagamento, Maria José respondeu: ‘pagou à vista. Em dinheiro’. A transação, segundo ela, aconteceu há cerca de dois anos”.
A área adquirida por Lira está próxima a uma fazenda da qual ele já era proprietário - de acordo com sua declaração de bens, o presidente da Câmara afirma ter recebido "metade da fazenda Pedras" como doação de seu pai, o ex-senador Benedito de Lira. São Sebastião, o município onde a propriedade está localizada, faz fronteira com Junqueiro, cidade natal do pai de Arthur Lira.
Nesta semana Lira divulgou uma nota afirmando que os recursos utilizados para o pagamento de suas despesas têm origem em seu salário como deputado e em seus ganhos como agropecuarista.
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