As revelações da Vaza Jato da manhã desta quinta-feira esclarecem como uma capa da Revista Veja de agosto de 2016, de alto impacto, foi na verdade uma arma na trama Dallagnol-Moro para intimidarem o STF e manter a Operação Lava Jato como uma operação à margem dos controles do Estado brasileiro; a capa, com o título "Empreiteira delata ministro do Supremo", foi a sequência natural de uma articulação de Dallagnol que agora vem a público
1 de agosto de 2019, 09:20 h Atualizado em 1 de agosto de 2019, 11:58 (Foto: STF | Reprodução)
247 - As revelações da Vaza Jato da manhã desta quinta-feira esclarecem como uma capa da Revista Veja de agosto de 2016, de alto impacto, foi na verdade uma arma na trama Dallagnol-Moro para intimidarem o STF e manter a Operação Lava Jato como uma operação à margem dos controles do Estado brasileiro. A capa, com o título "Empreiteira delata ministro do Supremo", foi a sequência natural de uma articulação de Dallagnol que agora vem a público
Deltan Dallagnol violou a Constituição e a lei ao incentivar colegas em Brasília (DF) e em Curitiba (PR) a investigar o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli sigilosamente em 2016. Naquele ano o atual presidente da Corte era visto pela operação como um adversário disposto a frear seu avanço.
De acordo com a reportagem, feita em parceria com o jornal Folha de S.Paulo, Dallagnol buscou informações sobre as finanças pessoais de Toffoli e sua mulher, além de evidências que ligassem os dois a empreiteiras envolvidas com a corrupção na Petrobrás.
A sequência das mensagens, que desaguam na capa de Veja, de 20 de agosto daquele ano, é demolidora contra Dallagnol e a Lava Jato e foi descrita com precisão pelo jornalista Reinaldo Azevedo:
"No dia 13 de junho de 2016, [Dallagnol] travou o seguinte diálogo no 'Grupo Acordo OAS', no Telegram:
Deltan Dallagnol – 22:36:58 – Caros, a OAS trouxe a questão do apto do Toffoli?
Sérgio Bruno Cabral Fernandes. – 22:55:26 – Que eu saiba não. Temos que ver como abordar esse assunto. Com cautela.
Dallagnol – 23:09:42 – Quando é a próxima reunião?
O coordenador da força-tarefa estava interessado em saber detalhes sobre uma reforma havida na casa de Toffoli, que ele chama 'apartamento', evidenciando que não estava suficientemente informado nem sobre o boato. E qual era? O de que o empreiteiro Léo Pinheiro, um dos sócios da OAS, havia arcado com o custo do trabalho.
No dia 28 de julho de 2016, Dallagnol procura, então, Eduardo Pelella, número dois de Rodrigo Janot, à época procurador-geral da República, e faz duas coisas: ele se oferece para passar as informações que conseguir sobre o ministro e faz perguntas sobre a reforma. Pede ainda o endereço do imóvel do ministro, dado que lhe foi fornecido no dia 4 de agosto.
Dallagnol – 22:09:59 – Pelella, queria refletir em dados de inteligência para eventualmente alimentar Vcs. Sei que o competente é o PGR rs, mas talvez possa contribuir com Vcs com alguma informação, acessando umas fontes. Vc conseguiria por favor descobrir o endereço do apto do Toffoli que foi reformado?
Pellela – 23:16:05 – Foi casa
Pellela – 23:16:09 – Consigo sim
Pellela – 23:16:15 – Amanhã de manhã
Dallagnol – 23:21:39 – ótimo, obrigado!
E de onde vinha a conversa de que a tal reforma era um mimo da OAS ao ministro? Léo Pinheiro havia, de fato, dito a seus advogados que dera dicas a Toffoli sobre a reforma e lhe sugerira uma empresa, mas que nada havia acontecido além disso".
Poucas semanas depois, aparece a "denúncia" contra Toffoli na revista Veja, com informações sigilosas sob a guarda de Dallagnol e seus colegas.
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