A cena em que um tamanduá mirim tenta fugir de uma queimada na Amazônia, registrada pelas lentes do fotógrafo Araquém Alcântara, tem tudo para se tornar o símbolo de uma luta internacional pela preservação da Amazônia, assim como as imagens de ursos sobre calotas de gelo que derretem passaram a simbolizar os efeitos do aquecimento global. O risco da insensatez de Jair Bolsonaro é que o Brasil receba sanções contra o agronegócio e, no limite, venha até a perder a soberania sobre a Amazônia
21 de agosto de 2019, 09:59 h
247 – A imagem é dramática. Cego pelo fogo, um tamanduá mirim tenta fugir de uma queimada na região Amazônica. Mais uma. Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que a Amazônia concentra 52,5% dos focos de queimadas de 2019. Neste ano, o número de queimadas aumentou 82% em relação ao mesmo período de 2018. Foram 71.497 focos neste ano. Destes, 13.641 ocorreram no Mato Grosso, onde foi captada a imagem pelo fotógrafo Araquém Alcântara.
A devastação acontece num momento em que Jair Bolsonaro ataca deliberadamente o meio ambiente. O Brasil acaba de perder R$ 150 milhões que eram destinados pela Alemanha e pela Noruega ao Fundo Amazônia e os dois países foram insultados por Bolsonaro. No caso da Noruega, o presidente do Brasil chegou até a publicar um vídeo com imagens da Dinamarca para atacar os noruegueses sobre matanças de baleias – e até agora não se retratou.
O estímulo de Bolsonaro à destruição da floresta amazônica terá dois efeitos práticos. O primeiro será fazer com que países europeus imponham sanções ao agronegócio brasileiro. Dias atrás, os principais meios de comunicação da Alemanha cobraram punições ao agronegócio brasileiro (saiba mais aqui) – o que pode favorecer exportações de soja e de alimentos dos Estados Unidos, país para o qual Bolsonaro bate continência. Ou seja: o país que mais se favorece com a destruição da Amazônia é justamente aquele governado por Donald Trump.
O segundo efeito, mais perigoso para o Brasil, é o lançamento de uma campanha para que o país perca soberania sobre a maior parte de seu território, uma vez que seria declarado incapaz de preservar a floresta. Como a Amazônia é fundamental para equilíbrio ecológico global, ela poderá vir a ser declarada patrimônio da Humanidade – e não mais do Brasil – uma vez que o governo brasileiro age deliberadamente para destruí-la.
Neste caso, o tamanduá cego pelo fogo de Araquêm Alcântara poderá se tornar uma imagem tão icônica quanto os ursos sobre calotes de gelo no Ártico, que se tornaram símbolo do aquecimento global.
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