segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
Datafolha prova que eleição é um negócio arriscado para o PSDB
A manchete da Folha é "Marina é líder em todos os cenário de 2º turno". Mas é
claro que a pesquisa Datafolha tem dados muito mais significativos do que esse.
Marina Silva seria uma candidata perigosa se pudesse passar a campanha inteira
olhando para o lado, fingindo que as questões não são com ela. Olhei a página
pessoal e o twitter dela. Não existe um pronunciamento sobre a proposta de
reforma da Providência. Só frases de efeito sobre combate à corrupção, que
poderiam ser do Rogério Chequer. O último tuíte de Marina, de anteontem, é "A
poeira não irá baixar se não limparmos de vez a lama da corrupção". O destino de
Marina é se liquefazer na campanha eleitoral.
A pesquisa comprova, isso sim, que a eleição é um negócio arriscado para o
PSDB. São testados cenários com Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin e
Sergio Moro e eles oscilam entre 8 e 11 pontos percentuais. Só com Moro haveria
chance de chegar ao segundo turno.
E o dado mais importante é que Lula lidera em qualquer cenário de primeiro
turno e ganha no segundo turno de qualquer candidato, exceto Marina. Isto apesar
da avalanche de acusações, insinuações e mentiras contra ele, todos os dias, há
anos. A campanha eleitoral seria a chance para que Lula, finalmente, pudesse
apresentar seu lado.
A Folha destaca que Lula mantém alto índice de rejeição, o que também era de
se esperar. Os fatos relevantes, porém, são outros. Primeiro, a rejeição a Temer
é hoje maior do que a de Lula. Ou seja, a oposição ao governo golpista se tornou
um trunfo eleitoral. Depois, algo que a reportagem nem sequer menciona: apesar
do cerco incessante, a taxa de rejeição a Lula está em queda desde o início do
ano. Estava em 57% em março, caiu para 53% em abril, para 46% em julho e chegou
a 44% agora.
Não se sabe, porém, se deixarão Lula ser candidato. Os números da pesquisa
geram incentivos contraditórios: para que, finalmente, seja perpetrado o golpe
final, com a inelegibilidade de Lula, evitando uma possível vitória eleitoral,
mas também para a prudência, já que uma ação assim pode ser a gota que falta
para a convulsão social que está sendo cozinhada no Brasil.
Resta saber ainda se Lula é o candidato de que as esquerdas precisam. O
governo que ele fez nos dois primeiros mandatos não é mais possível. A hora
exige alguém com uma disposição de mobilização e enfrentamento, mais do que de
apaziguamento e concessão. Maquiavel já dizia que o principal limite à virtù é a
inflexibilidade diante das circunstâncias, o apego a velhas formas de agir mesmo
quando elas pararam de funcionar. Lula ainda não mostrou ter superado esse
limite.
(texto originalmente publicado em seu
Facebook)
http://www.brasil247.com/pt/colunistas/luisfelipemiguel/269986/Datafolha-prova-que-elei%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-um-neg%C3%B3cio-arriscado-para-o-PSDB.htm
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