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SÃO PAULO (Reuters) - A candidata do PT, Dilma Rousseff, voltou a negar nesta segunda-feira que tenha mudado de posição em relação à descriminalização do aborto e, ao ser questionada sobre denúncias envolvendo sua ex-assessora na Casa Civil, afirmou que erros acontecem em todos os governos.
Segundo a petista, o importante é que esses erros sejam investigados e punidos. Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Dilma foi questionada sobre o aborto, tema que domina a disputa pelo Planalto desde do final de setembro. A candidata voltou a afirmar que sua posição pessoal é contrária ao aborto, mas ressalvou que um presidente da República "não pode fingir" que milhões de mulheres interrompem a gravidez de forma precária no Brasil.
"Você não pode prender as mulheres, não se trata de prender as mulheres, se trata de cuidar delas", disse a petista. "São duas posições diferentes", completou, antes de avaliar que não é necessário alterar a legislação brasileira sobre o aborto, que prevê a interrupção da gravidez em casos de risco para a mãe e de estupros. Pressionada por setores religiosos, Dilma assinou uma carta na semana passada se comprometendo a não alterar a legislação existente.
Dilma foi questionada também sobre as denúncias envolvendo sua ex-assessora na Casa Civil Erenice Guerra, que a substituiu no comando da pasta, mas deixou o posto por conta de um escândalo de tráfico de influência, e se poderia dar garantias de que esses fatos não voltariam acontecer caso fosse eleita.
A petista respondeu que "erros e pessoas que erram acontecem em todos os governo", e acrescentou que a diferença do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "a atitude em relação ao erro".
"Não tem como você saber que a pessoa vai errar ou não a priori", disse ela. "Ninguém controla o governo inteiro, o que você tem que ter garantia é que, havendo o malfeito, você investiga e puna", afirmou, acrescentando que a Polícia Federal está apurando as denúncias contra sua ex-assessora.
Dilma aproveitou a pergunta sobre as denúncias na Casa Civil para alfinetar José Serra (PSDB), seu adversário no segundo turno da corrida presidencial.
Ela lembrou as denúncias de que o ex-diretor da Dersa, estatal paulista de estradas, Paulo Vieira Souza, conhecido como Paulo Preto, teria desviado 4 milhões de reais em contribuições supostamente de caixa dois para a campanha de Serra.
"O Paulo Vieira de Souza está sendo investigando pela Polícia Federal na Operação Castelo de Areia", disse, referindo-se à operação da PF deflagrada no ano passado que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e procurou desbaratar uma quadrilha que envolvia uma grande construtora nacional.
"Até agora não houve uma investigação, não houve um processo, pelo contrário. Há uma diferença entre quem investiga e pune e quem acoberta e não pune", afirmou.
(Por Eduardo Simões)
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