Jair Bolsonaro voltou a atacar os interesses econômicos do País, ao insultar a China, país que mais compra e mais investe no Brasil, em nova entrevista nesta manhã. Com o ataque, ele também coloca em risco a saúde dos brasileiros. Bolsonaro, que defende interesses dos Estados Unidos, também falou em vírus chinês
22 de outubro de 2020, 11:22 h Atualizado em 22 de outubro de 2020, 11:22 Palavras do Presidente da República, Jair Bolsonaro. 20/10/2020 (Foto: Marcos Corrêa/PR)
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o Brasil não comprará a vacina CoronaVac, da empresa chinesa Sinovac e que está sendo testada no Brasil pelo Instituto Butantan, porque o medicamento não transmite segurança “pela sua origem” e não tem credibilidade.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, na noite de quarta-feira, Bolsonaro foi questionado se autorizaria a compra da CoronaVac se houvesse registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e respondeu que não.
“Da China não compraremos. Não acredito que ela transmita segurança para a população pela sua origem. Esse é o pensamento nosso”, garantiu.
Bolsonaro foi questionado ainda sobre quais as razões o levaram a vetar, na véspera, a compra pelo governo federal da vacina chinesa.
“Credibilidade”, respondeu. “A ideia é dar espaço a outras vacinas mais confiáveis. Confiança também.”
“A da China, lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população. Até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido lá”, afirmou.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil e apenas em 2020 já importou 53,4 bilhões de dólares de produtos brasileiros, de acordo com dados do Ministério da Economia.
Na entrevista, o presidente lembrou a intensa relação comercial do Brasil com o país asiático, mas disse que, em alguns pontos é possível não estar “totalmente alinhado”.
Procurada, a embaixada da China no Brasil não respondeu de imediato a um pedido de comentário feito pela Reuters.
A CoronaVac está em teste no Brasil dentro de um acordo de produção e transferência de tecnologia entre a Sinovac e o Instituto Butantan, que pertence ao governo de São Paulo e é um dos principais produtores das vacinas usadas no Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
O acordo prevê a compra inicial de princípio ativo da vacina, uma vez que ela seja aprovada pela Anvisa, para produção das doses no Brasil e, assim que o Butantan absorver a transferência de tecnologia, a produção integral no país.
Bolsonaro afirmou ainda que é possível ter uma vacina de outro país ou até uma brasileira, que transmitiria confiança para a população.
O governo do Estado de São Paulo é comandado por João Doria (PSDB), adversário político de Bolsonaro e amplamente visto como provável candidato à Presidência em 2022, quando Bolsonaro disputará a reeleição, conforme já afirmou diversas vezes.
PAZUELLO FICA
O presidente revogou na quarta-feira a decisão tomada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que assinou um protocolo com o Butantan para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac para ser incluída no Programa Nacional de Imunizações. O acordo foi anunciado na terça, em reunião de Pazuello com governadores, Doria entre eles.
Bolsonaro afirmou que houve “precipitação” do ministro em assinar o protocolo e que ele deveria ter sido informado por ser uma decisão importante.
“Parece que ele tomou a decisão no dia de ontem por uma ocasião de videoconferência. Conversei agora há pouco por zap (WhatsApp) com Pazuello, sem problema nenhum, meu amigo de muito tempo, ele continuará ministro. Ouso dizer que é um dos melhores ministros da Saúde que o Brasil já teve nos últimos anos”, afirmou Bolsonaro.
Na verdade o protocolo foi apenas informado aos governadores durante a reunião por videoconferência, mas havia sido assinado no dia anterior.
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