247 - Um dos maiores especialistas do país em pesquisas e cenários eleitorais, o sociólogo Marcos Coimbra, do Instituto de Pesquisas Vox Populi concedeu uma entrevista à TV 247 nesta quarta (15) e revela: se Lula for cassado, a transferência de votos para Haddad "acontecerá em horas"; o PSDB corre o risco de ser riscado do mapa nestas eleições; a polarização na sociedade nunca foi entre o PT e o PSDB, mas entre o petismo e o antipetismo, e é Bolsonaro que assume o lugar dos tucanos agora.
"O petismo é um fenômeno inédito em nossa história e entre 20% e 30% do eleitorado se sente identificado com o PT por quase quatro décadas", diz Coimbra. Ele afirma que "do outro lado do espectro não surgiu uma contraposição, como o Partido Republicano nos Estados Unidos; o que nós temos é uma coisa que se afirma pela negação", algo que "foi encarnado pelo PSDB na história recente" mas que esvaneceu com o golpe, porque o antipetismo mudou de um discurso que considerava "vago e fluido" do PSDB por outro mais radical (Bolsonaro).
Para Coimbra, Lula é "um caso único no mundo", e "a complexidade da imagem dele perante as pessoas não é só porque elas viviam melhor quando ele era presidente, é uma relação emocional, de profunda identidade". Por isso, se ele for vetado, seu representante (Haddad) "deve passar para o segundo turno na frente de Bolsonaro" e será mais fortalecido quanto mais agressivas forem as medidas do Judiciário para interditar Lula. Quanto à questão do tempo para que uma eventual transferência as intenções de voto para Haddad aconteça, ele foi taxativo: "o eleitor de Lula não precisa de meses, nem semanas, nem dias para tomar essa decisão; é provável que não mais do que em seis horas isso aconteça" e que é preciso levar em conta que "80% da população brasileira tem smartphone" (o número é ainda maior, há quase dois smartphones ativos por habitante no país).
Ele afirma que o horário eleitoral gratuito e a mídia tradicional têm pouca influência no eleitorado no primeiro turno das eleições -a propaganda gratuita passa a ter maior relevância no segundo turno- o que pode tornar praticamente inócua a aliança de Alckmin com o "centrão". Para Coimbra, o fato de Alckmin ter apenas 20% das preferências no estado de São Paulo, em terceiro lugar, atrás de Lula e Bolsonaro é quase um decreto de sua chance nula de sucesso nas eleições.
O sociólogo diz que Bolsonaro é também um fenômeno "complexo" na sociedade brasileira e que, ao contrário do que os analistas imaginam, "ele não é um adversário fácil" e sua candidatura "representa um pedaço importante do Brasil".
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