247 - O jordaniano Zeid Al Hussein, Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, afirmou nesta quarta (29) que discursos como os proferidos pelo candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) são, no curto prazo, "um perigo" para vários grupos da população e para "o país todo" a longo prazo. "O perigo é que isso venha às custas de um certo grupo no curto prazo e, no longo prazo, de todo o país", disse ele em sua última entrevista coletiva antes de deixar o cargo.
Hussein entrega o seu cargo neste final, quando será substituído pela ex-presidente chilena Michele Bachelet. Na entrevista, segundo o jornalista Jamil Chade, ele foi enfático ao dizer que as posições de Bolsonaro são respostas "simplistas" para problemas reais.
"Quando as pessoas estão ansiosas, quando existem incertezas econômicas, globais ou não, por conta da crise nas commodities nos últimos anos, ao dar uma resposta simplista e tocando nas emoções naturais das pessoas - e talvez olhando para uma liderança mais forte, firme - é uma combinação que é bastante poderosa", avaliou.
"Temos de ser mais conscientes de exemplos históricos. Não é para dizer que o progresso humano foi fácil", disse. "Eu confesso que, de muitas maneiras, não entendo o pensamento conservador. Se apenas escutássemos a isso, talvez alguns de nós ainda estivéssemos em cavernas", disparou. "O progresso ocorreu porque estipulamos que todos devem ter direitos iguais", completou.
Bolsonaro, que já defendeu a tortura durante o regime militar, e que tem entre suas propostas armar a população como forma de enfrentar a violência, além de ter um discurso contrário aos direitos humanos e às minorias, já chegou a afirmar que, se eleito, tirará o Brasil do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Segundo o candidato de extrema-direita, a instituição "não serve para nada".
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