Por Fernando Brito, do Tijolaço - A Folha publica hoje matéria que, na visão elitista de uma gente não não se considera muito parte do povo brasileiro – ao menos desta parte imensa que são os pobres, feios e ignorantes – deveria desqualificar Lula.
A liderança de Lula nas pesquisas se consolidou com base principalmente no eleitorado de baixa renda e menor nível de escolaridade.
No levantamento feito pelo Datafolha em junho, o ex-presidente chegava a 39% das intenções de voto entre eleitores com ensino fundamental completo. Agora, atinge 49%. Em outros segmentos de escolaridade, sua variação foi menor.
A comparação entre as duas pesquisas não é direta, uma vez que os candidatos apresentados em cada uma era diferente. É possível, entretanto, identificar o avanço do petista nesses segmentos.
Entre eleitores de baixa renda (até 2 salários mínimos por mês), Lula também chegava a 39% das intenções de voto em junho e, agora, bate 46%, a depender do cenário.
José Roberto de Toledo, sempre o mais lúcido analistas de pesquisa de opinião, mostra a razão:
O que mais importa para os brasileiros pobres e remediados piorou: sua situação financeira, a expectativa de manter-se empregado ou arrumar emprego, o futuro de sua renda pessoal, seu endividamento e sua percepção sobre a inflação. Está tudo mais baixo do que estava um ano ou um mês atrás.
Se o pessimismo cresce, não espanta que o candidato mais identificado com a oposição a Temer e que inspira lembranças de tempos melhores para o consumidor acabe se destacando no Datafolha como líder em todos os cenários de primeiro e segundo turno para as eleições presidenciais de 2018. É a memória do bolso falando mais alto do que a indignação com as denúncias de corrupção. O que Moro faz para a imagem de Lula, Temer compensa.
O povão fareja os seus interesses, mesmo com o festival de perfumaria vã que alguns intelectuais supõem ser a quinta essência da felicidade.
Ele precisa viver e precisa se sentir parte do país, de onde desde sempre foi excluído. Vota com o bolso, com o estômago, com os olhos desejosos, com as lágrimas do sofrimento, com a dor da pobreza.
Talvez, nas suas vidas sofridas, seja a única coisa que podem escolher com o mesmo direito que qualquer outra pessoa: o seu presidente.
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