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domingo, 5 de abril de 2015

Homens da Lava Jato posam como heróis para Folha

 

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Liderados pelo procurador Deltan Dallagnol, os procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato aceitaram posar para uma foto polêmica, publicada pela Folha de S. Paulo e inspirada no filme "Os Intocáveis", em que Kevin Costner era o mocinho na caçada a Al Capone; na reportagem interna, os procuradores fizeram um apelo para que os executivos presos há mais de 120 dias de forma preventiva não sejam soltos e para que a União não firme acordos de leniência; "Se houver a soltura de réus agora, esses processos podem ser atrasados por dez, quinze anos", disse Dellagnol; "A CGU foi feita para controlar corrupção de funcionários públicos, não para ser a salvadora do emprego", afirmou Carlos Fernando Lima

5 de Abril de 2015 às 09:39

247 - Os procuradores que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato posaram para uma foto que promete dar o que falar. Estampada na primeira página da Folha de S. Paulo, a imagem contribui para espetacularização do Poder Judiciário e retrata os representantes do Ministério Público como os heróis de "Os Intocáveis", personagens de um filme que fez sucesso em Hollywood, na década de 90.

Na imagem atual, o procurador Deltan Dellagnol, aparece ao centro, ladeado por seus colegas na investigação – ao todo, são nove os investigadores. No filme hollywoodiano, o mocinho era Kevin Costner, que lutava contra o poder de Al Capone.

A reportagem traz também declarações interessantes dos procuradores. Carlos Fernando Lima, um dos principais nomes da investigação, diz que o blefe foi uma das táticas para convencer alguns empresários a fazer delação premiada. "No começo, lançamos um grande 171: espalhar que já tinha gente na fila para colaborar, deixamos as pessoas saberem que já tinha uma pessoa ou empresa interessada, mas a gente não tinha nada. Aí começaram a bater na nossa porta", disse ele.

Os procuradores também fazem dois apelos. O primeiro, para que os executivos e empresários presos há mais de 120 dias, de forma preventiva, não sejam soltos pelo Supremo Tribunal Federal. O segundo, para que os acordos de leniência negociados pela Controladoria-Geral da União com as empresas, que preveem o pagamento de multas, mas preservam vivas as construtoras, sejam inviabilizados.

"Se houver a soltura de réus agora, muitos deles com dinheiro sujo escondido no exterior, esses processos podem ser atrasados por dez, quinze anos", disse Deltan Dellagnol.

"A CGU foi feita para controlar corrupção de funcionários públicos, não para ser a salvadora do emprego. Se o governo quer criar um Proer, que o faça no lugar certo, que é o Congresso", completou Carlos Fernando Lima.

O argumento do governo para negociar os acordos de leniência é a necessidade de preservar as empresas, os empregos e o conhecimento adquirido pelas empreiteiras. Desde o início da Operação Lava Jato, mais de 250 mil empregos foram eliminados no setor de construção.

Onde está o bom senso?

Ontem, o jornalista Mauro Santayanna publicou um artigo em que questiona a indiferença do Poder Judiciário aos efeitos sociais da Lava Jato e questiona: onde está o bom senso?

"No contexto da Operação Lava Jato, centenas de milhares de trabalhadores e milhares de empresas já estão perdendo seus empregos e arriscando-se a ir à falência, porque o Ministério Público, no lugar de separar o joio do trigo, com foco na punição dos corruptos e na recuperação do dinheiro – e de estancar a extensão das consequências negativas do assalto à Petrobras para o restante da população – age como se preferisse maximizá-las, anunciando, ainda antes do término das investigações em curso, a intenção de impor multas punitivas bilionárias às companhias envolvidas, da ordem de dez vezes o prejuízo efetivamente comprovado", disse ele (leia aqui a íntegra).

http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/175894/Homens-da-Lava-Jato-posam-como-heróis-para-Folha.htm

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