247 - Chegou ao fim, de forma melancólica, o ataque especulativo contra a Petrobras, que se desenrola há, pelo menos, seis meses. O último suspiro foi o artigo "Em defesa da Petrobras", publicado pelo senador Aloysio Nunes, nesta terça-feira, em que, na prática, ele defende as empresas americanas Exxon e Chevron.
"A escolha pelo regime de partilha, estabelecido no governo Lula, trouxe problemas desde o início. No leilão do pré-sal em 2013, apenas 11 empresas se inscreveram. O número ficou abaixo das 40 esperadas pela Agência Nacional de Petróleo. Vale lembrar que duas gigantes do setor, Exxon e Chevron, desistiram de participar da disputa", escreveu o parlamentar tucano (leia mais aqui), no texto em que defendeu a volta do regime de concessões.
Desde que a Operação Lava Jato ganhou intensidade, com a prisão de alguns dos maiores fornecedores da Petrobras, a estatal foi vítima de um bombardeio diário. Foram dezenas de acusações na imprensa, documentos sigilosos vazados, duas CPIs no Congresso e a ações movidas no exterior, com apoio de parte da imprensa brasileira. Pairava, ainda, a ameaça de que a empresa não tivesse suas contas auditadas pela PriceWaterhouseCoopers, o que provocaria o vencimento antecipado das dívidas da companhia, cujos títulos passariam a ser classificados como papéis podres.
Esse jogo pesado mobilizou grandes investidores do Brasil e de fora, além de megaespeculadores, como o húngaro George Soros. Aparentemente, havia o interesse de depreciar ao máximo as ações da Petrobras, atribuir a perda do chamado "grau de investimento" à administração estatal, combinada com o regime de partilha, e forçar a mudança para o modelo de concessões, que foi defendido pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) na campanha presidencial e é também uma bandeira de José Serra (PSDB-SP). Este último chegou até a apresentar um projeto de lei, prevendo a privatização parcial da companhia.
A virada com o balanço
Esse ataque especulativo, no entanto, chega ao fim nesta quarta-feira, quando a Petrobras divulga para o Brasil e para o mercado internacional seu balanço auditado. Não se sabe, ao certo, qual será o valor atribuído às perdas com a corrupção, mas estima-se um valor próximo a R$ 6 bilhões.
Qualquer que seja o resultado, a empresa poderá retomar sua normalidade, voltando a acessar o mercado de crédito. Um mercado, diga-se de passagem, que não se fechou completamente à empresa. Recentemente, o Banco de Desenvolvimento da China aprovou um empréstimo de US$ 3,5 bilhões à companhia. Na semana passada, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal também se comprometeram em financiar a companhia.
Ontem, em Nova York, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, previu a volta da normalidade. Disse que a publicação do balanço será "mais um passo" na reconstrução da empresa. "Há expectativa de que, em alguns dias, eles [Petrobras] irão superar a questão do balanço auditado. A expectativa é de que eles conseguirão publicar o balanço auditado e que será muito bom", afirmou.
Quem percebeu, desde o início da gestão de Aldemir Bendine, que os sinais emitidos pela Petrobras eram corretos não tem do que se queixar. Em abril, as ações da empresa já se valorizaram mais de 40%.
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