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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

LAVA JATO USA NOVA FASE PARA COMBATER ANISTIA AO CAIXA DOIS

247 - A força-tarefa da Operação Lava Jato usou de exemplo a 36ª fase da investigação, deflagrada nesta quinta-feira 10, para combater o projeto de lei que anistia o caixa 2, e que os parlamentares tentam - pela segunda vez - votar no Congresso Nacional.
Batizada de Dragão, a operação da Polícia Federal mirou hoje contra dois operadores financeiros, que teriam movimentado mais de R$ 60 milhões entre 2011 e 2013, segundo o Ministério Público Federal.
"O destinatário imediato dos desvios de R$ 61 milhões foi o advogado Rodrigo Tacla Duran, que depois devolvia parte do dinheiro como caixa dois às empreiteiras. Isso indica a necessidade de combate ao caixa dois e demonstra que essa prática não pode ser anistiada por projeto de lei", afirmou o procurador da República Roberson Pozzobon, durante coletiva de imprensa.
Os operadores alvos da Lava Jato desta quinta são Adir Assad, que já está preso por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, e Rodrigo Tacla Duran, que é acusado de operar propinas para as empreiteiras UTC, Mendes Junior e Odebrecht.
Segundo a Polícia Federal, os dois atuaram também por meio de operações ilegais conhecidas como dólar-cabo — troca de posições por compensação sem que o dinheiro transite por contas bancárias.
Leia mais na reportagem da Agência Brasil:
Anistiar caixa 2 beneficia confraria de corruptos, diz procurador da Lava Jato
Alex Rodrigues - Procuradores da força-tarefa que investiga os crimes apurados no âmbito da Operação Lava Jato voltaram a manifestar preocupação com a hipótese de o Congresso Nacional aprovar mudanças legislativas que, para eles, ameaçam o combate à corrupção – como uma eventual anistia a políticos envolvidos em caixa 2 e novas regras para os acordos de leniência, que, hoje, permitem a redução das penas impostas a empresas investigadas que colaboram com a Justiça.
"Não há uma forma mágica de tratar a corrupção e interromper esses delitos a não ser por meio de políticas públicas, do aperfeiçoamento do nosso sistema legislativo-penal, do fortalecimento das instituições", comentou o procurador da República Roberson Pozzobon durante coletiva de imprensa para detalhar a 36ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada hoje (10).
Batizada de Dragão, a operação já resultou no cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva. Os alvos são empresas ligadas a dois operadores financeiros, Adir Assad (que já estava preso em Curitiba, condenado pela Justiça Federal em outra ação) e Rodrigo Tacla Duran – contra quem também foi expedido mandado de prisão preventiva ainda não executado, pois ele se encontra na Espanha desde abril. Segundo os procuradores, há evidências de que Assad e Duran lavaram mais de R$ 50 milhões para várias empresas investigadas na Operação Lava Jato, entre elas, as construtoras UTC, Mendes Júnior e Odebrecht.
Ao comentar como chegaram às informações que justificaram a ação contra a dupla de empresários e reforçam as acusações envolvendo diversas empresas, os procuradores explicaram que o depoimento de executivos da UTC foi fundamental para identificar os operadores e o funcionamento do esquema e para encontrar vestígios de movimentações financeiras que podem confirmar as suspeitas.
"Conseguimos rastrear todo o dinheiro, desde a saída da UTC, a chegada ao operador financeiro a partir de contratos públicos e o repasse [de propina] a agentes públicos corrompidos", disse o procurador Julio Motta Noronha, a quem chamou a atenção o fato de Assad e Duran terem, aparentemente, lavado dinheiro de mais de uma empresa que usava os recursos ilegais para pagar propina a políticos e executivos da Petrobras e de outras estatais.
Pozzobon comentou a relação entre os vários personagens investigados pela Lava Jato, a quem ele classificou como "corruptores" integrantes de uma "verdadeira confraria". Os investigadores afirmam que Assad repassou cerca de R$ 24 milhões para contas de Duran.
" Causa espanto, um verdadeiro desespero, a forma sistemática, generalizada e contínua com que foi praticada corrupção em diversos contratos da administração pública federal, estaduais e municipais. Quem corrompia e quem era corrompido buscava se servir de profissionais na prática criminosa. Muitas vezes esses profissionais eram os mesmos, pois um apresentava o outro [aos demais participantes do esquema]" , declarou o procurador.
Defendendo os mecanismos legais de combate à corrupção, como os acordos de leniência, Pozzobon afirmou que muitos dos atuais investigados operavam criminosamente há muito tempo e que a Lava Jato só está tendo sucesso onde outras iniciativas falharam quando o país vivia em uma realidade de "absoluta impunidade aos delitos de colarinho branco" porque encontrou condições favoráveis para aprofundar as investigações.
"Por isso nos preocupa um cenário em que se discutem retrocessos legislativos, em que se discutem projetos de lei que visam a atacar e enfraquecer as instituições e em que se propõe investigar os investigadores pelo exercício de sua missão", acrescentou Pozzobon. "Se os integrantes das instituições não tiverem liberdade e segurança para investigar e processar os delitos, vamos simplesmente retornar ao estado anterior."
O procurador defendeu as dez medidas de combate à corrupção apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Congresso Nacional como forma de impedir que fatos semelhantes voltem a ocorrer e reforçou à crítica a possibilidade de legalização do caixa 2. "Não existe caixa 2 inocente, pois esse recurso vem justamente da prática de lavagem de dinheiro. Anistiar o caixa 2 significa anistiar a lavagem de dinheiro e a corrupção."
http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/264856/Lava-Jato-usa-nova-fase-para-combater-anistia-ao-caixa-dois.htm

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