
Geddel caiu mas Michel Temer e seu governo ficaram gravemente feridos e o
“fim do mundo” talvez tenha ficado mais próximo. Afora o desgaste de um pedido
de impeachment da oposição, ainda que desprovido de “condições políticas” para
prosperar, afora a possibilidade de Temer ser incluído num pedido de
investigação da PGR, a sangria moral e as repercussões negativas do caso para a
economia reduzem as chances de seus aliados aprovarem, e de ele sancionar, a
anistia ao caixa dois em casos ocorridos antes da criminalização da prática. Com
o tombo levado pelo governo no caso Geddel e a proximidade da delação da
Odebrecht, o desespero toma conta dos integrantes da base governista que
passaram a semana articulando a aprovação da medida.
Graças a Geddel, o Ministério Público pode levar a melhor no cabo de guerra
que travou com o Congresso ao longo da semana. Estando tudo preparado para a
votação da emenda na quinta-feira, o súbito adiamento para terça-feira próxima,
atribuído às pressões externas, como a nota do juiz Sérgio Moro, em verdade foi
decidido porque o Palácio já sabia da bomba que fora armada pelo ex-ministro
Marcelo Calero com seu depoimento à Polícia Federal, e com suas gravações. Temer
e seus articuladores concluíram que não era hora para aquela ousadia, que agora
pode ter sido definitivamente comprometida. Na terça-feira, ninguém sabe como
estará a temperatura política. Os congressistas queriam votar a anistia sem
deixar impressões digitais, em votação simbólica ou voto não-nominal. Mas Temer
teria que dispor de um mínimo de moral para sancionar a lei. Agora, parece
difícil que ela possa fazer isso. Votar sem garantia de sanção não adiantará
nada.
O desespero para votar logo a tal anistia era para que ela ocorresse antes da
delação da Odebrecht. Pois quando começarem a aparecer os nomes dos mais de 100
parlamentares que devem ser delatados, nenhum deles poderá, por determinação
constitucional, participar de tal votação. Nenhum parlamentar pode votar matéria
que o beneficie diretamente. Então, se Inês não está morta, está morimbunda.
E assim segue o Brasil, sangrando, perdendo empregos, com a economia se
desmilinguindo, sem norte e sem rumo, às voltas com o governo “ruim mas é o que
temos”, segundo FHC, à espera de que algo aconteça. Algo que ponha fim a esta
anomalia política, jurídica e econômica instaurada pelo golpe parlamentar.
Sabendo que não reúne mais condições políticas para cacifar um salvamento de
mais mais de 200 políticos corruptos atingidos pelas delações, Temer já mandou
avisar que não sancionaria o perdão ao caixa dois.
http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/267334/Crise-pol%C3%ADtica-sepulta-anistia-ao-caixa-2.htm
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