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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Nota de rodapé da Folha sobre Aécio já diz tudo


: O que a Folha de S.Paulo faria se um delator da Lava Jato mencionasse o pagamento de uma propina de R$ 300 mil para o ex-presidente Lula? Não há nenhuma dúvida de que o caso seria estampado em letras garrafais na manchete principal do jornal; basta lembrar que esse foi o procedimento quando a Folha noticiou uma acusação falsa a uma nora de Lula; além disso, quando denunciado, o pecuarista José Carlos Bumlai perdeu o nome e virou "o amigo de Lula"; em outro episódio, numa manchete sobre o senador Delcídio Amaral, a foto estampada também foi a do ex-presidente; agora, quando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é citado num esquema de propina, o caso é escondido numa nota de rodapé; diante do duplo padrão de julgamento, o colunista André Singer afirmou no último sábado que a mídia abafa a corrupção tucana
30 de Dezembro de 2015 às 08:29
247 – Nesta quarta-feira, às vésperas do fim do ano, a Folha de S. Paulo trouxe um furo de reportagem do jornalista Rubens Valente. Segundo um dos delatores da Operação Lava Jato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do principal partido de oposição e candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, recebeu uma propina de R$ 300 mil da empreiteira UTC (leia mais aqui).
Em condições naturais de temperatura e pressão, a notícia teria sido estampada na manchete principal do maior jornal do Brasil. No entanto, mereceu apenas uma nota de rodapé na primeira página da publicação, confirmando a tese do colunista André Singer de que a mídia faz de tudo para abafar a corrupção tucana.
"Enquanto o PT aparece, diuturnamente, como o mais corrupto da história nacional, o PSDB, quando apanhado, merece manchetes, chamadas e registros relativamente discretos. O primeiro transita na área do megaescândalo, ao passo que o segundo ocupa a dimensão da notícia comum", disse Singer. "A salvaguarda do PSDB pelos meios de comunicação reforça a tese de que o objetivo é destruir a real opção popular e não regenerar a República." (leia mais aqui)
O caso de Aécio mereceria ainda mais destaque, quando se leva em conta o fato de que, há um ano, o senador tucano, em aliança com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vem liderando uma cruzada moralista para derrubar a presidente Dilma Rousseff, num terceiro turno sem fim que tem causado sérios danos à economia. No entanto, como disse Singer, a denúncia contra o tucano "ocupa a dimensão da notícia comum".
Vale-tudo contra Lula
A Folha, naturalmente, poderá argumentar que, no caso de Aécio, a denúncia de um delator carece de comprovação. Mas não foi esse o comportamento do jornal quando se tratava do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No dia 16 de outubro deste ano, a Folha cravou em sua manchete a seguinte notícia: "Delator diz ter repassado R$ 2 mi para nora de Lula". Era mentira. A Folha havia apenas embarcado numa "barriga" (jargão jornalístico para as notícias falsas) do colunista Lauro Jardim, do Globo, o que mereceu reparos da ombudsman da publicação (leia aqui).
Mais recentemente, a Folha deu outras demonstrações de sua perseguição a Lula. Ao noticiar uma denúncia contra o senador Delcídio Amaral, a Folha estampou na manchete a foto do ex-presidente. Quando o pecuarista José Carlos Bumlai foi denunciado, ele também perdeu o direito ao nome e foi retratado como "amigo de Lula".
Nas pesquisas recentes do Datafolha, Aécio e Lula têm sido pesquisados como os dois principais nomes da disputa presidencial de 2018 e não faz sentido que os critérios de avaliação dos dois sejam distintos. Se a Folha avança o sinal em relação a Lula, deveria, por coerência, adotar o mesmo padrão com Aécio. Se é cautelosa com o tucano, deveria agir de modo semelhante em relação ao ex-presidente.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/211421/Nota-de-rodap%C3%A9-da-Folha-sobre-A%C3%A9cio-j%C3%A1-diz-tudo.htm

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