
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou neste domingo (23) que o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia será assinado em 20 de dezembro, data que marcará a Cúpula de Líderes do Mercosul em Foz do Iguaçu. A informação foi divulgada pela Agência Brasil, com base em entrevista concedida por Lula à imprensa em Joanesburgo, na África do Sul, onde participou da Cúpula do G20.
Segundo o presidente, a relevância econômica do pacto é incontestável. “É um acordo que envolve praticamente 722 milhões de habitantes e US$ 22 trilhões de Produto Interno Bruto (PIB). É uma coisa extremamente importante, possivelmente seja o maior acordo comercial do mundo”, afirmou. Lula destacou ainda que, após a assinatura, haverá “muita tarefa para a gente poder começar a usufruir das benesses desse acordo”.
Caminho europeu: ratificação pode levar anos
As negociações entre Mercosul e União Europeia foram concluídas em dezembro do ano passado, após cerca de 25 anos de tratativas. Dois textos serão firmados: um acordo econômico-comercial de vigência provisória e um acordo completo, que substituirá o primeiro quando aprovado.
Em setembro, a Comissão Europeia submeteu formalmente os documentos ao Parlamento Europeu e aos governos dos 27 países do bloco. A aprovação parlamentar exige maioria simples — 50% dos deputados mais um — e pode enfrentar resistência de países como a França, que questiona cláusulas ambientais.
Além disso, pelo menos 15 países, representando 65% da população da UE, precisam ratificar o tratado, um processo que pode se estender por vários anos. Os países do Mercosul também deverão submeter o acordo a seus parlamentos, mas a entrada em vigor será individual, sem necessidade de aprovação conjunta.
França critica, Lula reage: protecionismo agrícola em pauta
O debate sobre o acordo ganhou intensidade após o governo francês classificar o texto como “inaceitável”, alegando preocupações ambientais. Lula reagiu de forma direta, afirmando que a França age com protecionismo para defender seus interesses agrícolas.
Produtores rurais europeus têm protestado contra o pacto, alegando que ele abriria espaço para a entrada de carne bovina sul-americana mais barata e supostamente fora dos padrões da UE. A Comissão Europeia, no entanto, nega essas alegações.
O Brasil defende que eventuais salvaguardas europeias respeitem plenamente os termos negociados. Já países como Alemanha e Espanha sustentam que o acordo ajudaria a compensar perdas comerciais decorrentes de tarifas impostas pelo presidente Donald Trump e reduzir a dependência da China, especialmente em minerais estratégicos.
Para a UE, o Mercosul é visto como mercado em expansão para carros, máquinas e produtos químicos, além de fornecedor confiável de insumos essenciais para a transição verde, como o lítio. O pacto também ampliaria o acesso europeu ao mercado agrícola do bloco sul-americano, beneficiando exportações de queijos, vinhos e presuntos.
Agenda: assinatura em dezembro, cúpula em janeiro
Lula explicou que a assinatura deve ocorrer em Brasília, no dia 20 de dezembro, mas a Cúpula de Líderes do Mercosul será realizada no início de janeiro, também em Foz do Iguaçu.
“Possivelmente a gente marque a reunião do Mercosul para o começo de janeiro e assine [o acordo] no dia 20 de dezembro”, declarou o presidente.
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