Postado em 28 de setembro de 2020
Foto; Lula Marques
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), avaliou nesta segunda-feira (28) que chega a ser um “acinte” a postura da mídia comercial de ignorar o Plano Nacional de Reconstrução e Transformação do Brasil. Lançado pelo partido na última semana, o projeto propõe ações para a retomada econômica e social do País, e a superação da crise. “Mas foi invisibilizado por boa parte dos veículos de comunicação tradicionais, que ignoraram a divulgação do plano”, protesta Gleisi.
A proposta, que será aperfeiçoada por outros partidos progressistas e movimentos sociais, contou no lançamento com falas de lideranças e governadores de outras siglas. Assim como dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e do segundo candidato mais votado nas eleições presidenciais em 2018, Fernando Haddad. “Mas isso não foi relevante (para a mídia comercial)”, como lembra Gleisi ao criticar a mídia.
Gleisi Hoffmann destaca que o PT é reconhecido como o maior partido do Brasil e com um dos maiores quadros e liderança popular, como é o ex-presidente Lula. A presidenta da sigla ressalta que, em qualquer outro país, a divulgação do plano de reconstrução seria notícia. “Isso prova que o Brasil não está em uma democracia mesmo. Temos uma autocracia em relação aos meios de comunicação, à mídia e à elite brasileira”, avalia.
Regulamentação dos meios
“Eles querem que o PT suma do mapa, para eles seria bom o PT não existir, o Lula não existir, e ter um debate só entre a direita e a extrema direita no País, o que é muito triste”, observa a deputada federal aos jornalistas Rafael Garcia e Glauco Faria no programa Brasil TVT. “Eles (da mídia comercial) divulgam o que lhes interessam e tentam induzir a opinião das pessoas dentro dessa lógica”, acrescenta.
O descaso com a pluralidade de opiniões mostra, de acordo com Gleisi em sua crítica à mídia, que um dos maiores desafios do país no campo da comunicação é regulamentar a Constituição Federal. Historicamente o PT sempre foi cobrado por esse projeto, mas essa diretriz acabou não sendo implementada de fato. A medida, dessa vez, está expressa no Plano de Reconstrução e Transformação.
O principal objetivo é garantir o fim dos interesses cruzados e a externalidade da diversidade política que há no Brasil, como é previsto nos artigos da Carta Magna. “Não pode mais ter esse cruzamento de interesses econômicos, um monopólio de TV. Hoje seis, sete famílias têm o monopólio da comunicação no Brasil, das redes de TV, jornais. Então por isso mesmo que o PT passa a ser invisível, porque eles têm um lado, um propósito, jogam na política. Além de tudo têm negócios, atuam também na economia, e isso tem que parar”, destaca a deputada federal.
Renovação programática
Além do trato à comunicação e de outras pautas históricas progressistas, como a presença do Estado, o Bolsa Família e a transição ecológica, usando como referência o Green New Deal – considerado um ambicioso conjunto de metas climáticas solidificado pela esquerda dos Estados Unidos, o plano também traz uma política não discriminatória em relação aos marcos da Lei de Drogas de 2006.
Com maior destaque do que em outros programas anteriores do PT, o plano também trata do combate à política de encarceramento em massa. Até o ano passado, o Brasil tinha mais de 812 mil pessoas presas, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça. A terceira maior população atrás das grades do mundo.
Passado o momento de crise, o país deve entrar em reformas mais estruturantes, aponta Gleisi Hoffmann. Entre elas no campo da segurança pública. O partido formou um Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas na área, o NAPP, que reúne o setor de segurança pública do PT, e vozes de policiais progressistas, da academia e de representantes com ação e vivência no campo.
“Resolvemos apresentar algo mais consistente nessa área, porque sempre foi uma reclamação e uma crítica que o PT não tinha uma proposta para segurança pública. Nós sempre tivemos, discutimos, mas agora está de uma maneira mais organizada no plano. Penso que ainda precisa de complementação e mais debate. (…) Mas é um pouco resgatar aquilo que vínhamos construindo nesses 13 anos de governo do PT e de seus aliados. Tinha uma construção de um Estado forte, participativo, de fortalecimento em políticas públicas, sociais e inclusivas, vamos ter que resgatar. Até porque muitas dessas políticas estão sendo destruídas com o governo Bolsonaro, infelizmente”, explica a deputada federal a presidenta do PT.
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