Os deputados Bohn Gass (PT-RS), líder da bancada do PT na Comissão de Orçamento, e Enio Verri (PT-PR) criticaram nesta terça-feira (31) a política econômica recessiva do governo Temer e desmascararam supostos avanços na retomada do crescimento econômico obtidos pelo País. Durante audiência pública da Comissão Mista do Orçamento, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tentou apresentar dados positivos sobre as políticas monetárias, creditícias e cambiais no primeiro semestre de 2017.
Ao refutar o otimismo demonstrado pelo presidente do Banco Central com a possiblidade de retomada do crescimento econômico do país, Bohn Gass lembrou que a peça orçamentária para o ano que vem não permite essa interpretação.
“Para haver recuperação econômica deve haver investimento no consumo, na atividade econômica, e o orçamento de 2018 não aponta para isso. Muito pelo contrário, teremos menos investimentos na agricultura familiar, reajuste menor do salário mínimo, e orçamento menor em políticas públicas que geram emprego e renda, como o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo”, destacou.
Ao também questionar dados apresentados por Goldfajn sobre a melhoria na balança de pagamentos e na queda do desemprego, Enio Verri destacou que até esses aparentes avanços podem ser contestados.
“O resultado favorável na balança comercial não foi por conta da expansão da economia, mas sim da recessão. Por isso importamos pouco e exportamos mais, permitindo o saldo positivo na balança comercial”.
Sobre a queda no índice de desemprego, relatado com otimismo pelo presidente do Banco Central, Enio Verri destacou que “a maioria dos empregos criados foram no setor informal da economia, o que não sugere a retomada do crescimento econômico”.
“E os empregos formais criados, segundo dados do IPEA e do IBGE, se deram em grande parte pelo lado do agronegócio, ou seja, foram gerados no interior do País e não nos grandes centros urbanos. Com isso podemos observar que a indústria não está crescendo”, observou.
O parlamentar paranaense também questionou outro suposto avanço econômico relatado por Ilan Golfajn, que teria acontecido com o aumento do salário médio dos brasileiros no primeiro semestre.
“Segundo o que aprendi no curso de introdução a economia, quando vem uma recessão forte as empresas tendem a demitir a mão de obra não qualificada, que pode ser facilmente recontratada depois, e mantém a mão de obra qualificada, aquela que o contratante paga pós-graduação ou curso no Senai. Então, como se demite quem ganha pouco e mantem-se o empregado que ganha mais, no somatório geral cria-se a falsa impressão de que o salário médio subiu”, explicou Enio Verri.
Inflação– Sobre a queda da inflação, vendida pelo governo como um dos grandes trunfos da atual gestão, os parlamentares petistas também apontaram ressalvas. O deputado Bohn Gass destacou que, ao comemorar a queda, “o governo esquece de dizer que isso ocorre pela fraca atividade da economia”.
Já o deputado Enio Verri, defendeu que o Banco Central também passe a se preocupar com a geração de empregos e não apenas com o controle da inflação. Neste sentido, segundo ele, “parte das reservas cambiais do País poderiam ser usadas no longo prazo para financiar o setor produtivo do País”.
Héber Carvalho
Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara
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