Jornalista Helena Sthepanowitz, da RBA, mostra que são fartas as evidências sobre a corrupção acerca da Lista de Furnas e o PSDB; caso voltou a tona nas declarações do doleiro Alberto Youssef, que reafirmou que o presidente nacional tucano, Aécio Neves, recebia propina de uma diretoria de Furnas, por meio da empresa Bauruense; irmã do senador, Andrea, seria a operadora que recolhia o dinheiro, segundo a delação de Yousseff; "A frase proferida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante a semana – "Pau que dá em Chico dá em Francisco" –, não está valendo. Ainda", afirma
28 de Agosto de 2015 às 17:33
Helena Sthephanowitz, RBA - A acareação organizada pela CPI da Petrobras, entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, na última terça-feira (25), trouxe uma importante confirmação, que deveria ter sido levada a sério pela velha mídia do país: o doleiro voltou a relatar sua participação em uma reunião na empreiteira Camargo Correa, em 2002, junto com o então deputado José Janene (do PP paranaense, morto em 2010), para cobrar daquela empresa R$ 4 milhões, como parte de um acordo de propinas e corrupção dentro da hidrelétrica mineira de Furnas. Segundo Youssef, um executivo da empreiteira, João Auler, disse a Yousseff e a Janene que o valor já havia sido pago a agentes do PSDB.
Yousseff também reafirmou que Janene contou a ele que dividia com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) as propinas desviadas de uma diretoria de Furnas, por meio da empresa chamada Bauruense. A irmã do senador, Andrea, seria a operadora que recolhia o dinheiro, segundo a delação de Yousseff. E que o esquema tucano teria sido montado em 1994.
O relato é mais um a confirmar a existência da chamada "Lista de Furnas", relação de pagamentos clandestinos feitos por empresas fornecedoras daquela estatal para políticos tucanos e seus aliados nas eleições de 2002.
O senador Aécio e seus familiares tiveram grande influência em Furnas na época desses (ainda supostos) acontecimentos. O pai, o ex-deputado Aécio Ferreira da Cunha, foi nomeado conselheiro de administração em 1993, cargo em que permaneceu durante o governo Itamar Franco, passando por todo o mandato de Fernando Henrique Cardoso, e indo até 2005, já com o país sob o primeiro mandato do governo Lula – por força de arranjos políticos locais, em que "aliados" tanto compuseram a base governista federal, como apoiaram o governo tucano de Minas.
Nos meios políticos atribui-se a Aécio Neves a indicação de Dimas Toledo, epicentro do escândalo da lista, num cargo de diretoria de Furnas durante o governo FHC e também até 2005.
São fartas as evidências e provas sobre a corrupção acerca da Lista de Furnas. Além dos relatos de Youssef, o ex-deputado Roberto Jefferson (pelo PTB-RJ) afirmou ter recebido R$ 75 mil a título de participação do esquema.
Nilton Monteiro, que revelou a trama há dez anos, é caso único de delator que autoridades responsáveis por investigações parecem fugir como o diabo foge da cruz. Se a Lava Jato solta presos provisórios após fecharem acordo de delação premiada, Nilton Monteiro foi mantido preso na jurisdição estadual mineira só para ficar calado, e não poder delatar.
Ele ofereceu-se ao então ministro do STF Joaquim Barbosa, para contar tudo o que sabia dos bastidores das campanhas tucanas de que ele participou mas, "sabe-se lá por quê", ninguém quis ouvi-lo.
O desinteresse na apuração das denúncias se repete agora nos trabalhos – e sobretudo na cobertura – da Operação Lava Jato. A investigação chegou a resvalar no setor elétrico, mais precisamente na Eletronuclear, mas insiste em solenemente ignorar Furnas, mesmo havendo uma série de denúncias de pagamento de propinas ao PSDB e formação de caixa 2 para financiar campanhas eleitorais de tucanos.
Assim, a frase proferida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante a semana – "Pau que dá em Chico dá em Francisco" –, não está valendo. Ainda.
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