O dia 16 de agosto vai ser dedicado à apologia do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, nas principais capitais do Brasil, principalmente em São Paulo, Estado da Federação historicamente de oposição e beligerante a presidentes trabalhistas. Os principais atores dessa velhacaria e hipocrisia são os coxinhas de classe média, além de movimentos de grupos de direita, alguns de essência fascista, que se formam e se comunicam pela internet.
Maltas que saem às ruas iguais a uma boiada desgovernada, em busca de razões plausíveis e reais, no que tange à concretização do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, à criminalização do PT e de suas lideranças, bem como vão vociferar contra a corrupção. Tudo será feito de forma mecanicamente pelo fato dessas pessoas apenas repercutirem o que veem, escutam e leem na grande mídia — a imprensa dos magnatas bilionários, que, evidentemente, faz oposição às esquerdas desde sua fundação em terras brasileiras.
Contudo — e quase todo mundo sabe —, o grande problema da direita brasileira não é a corrupção, até porque quando ela esteve no poder a corrupção campeou pelos quatro cantos e não foi combatida sistematicamente como ocorre agora, no Governo Dilma, bem como ocorreu no Governo Lula, que fortaleceram a Polícia Federal em todos os sentidos, nomearam procuradores-gerais e não se intrometeram com suas ações, além de darem independência total à Controladoria Geral da União (CGU) e à Advocacia Geral da União (AGU).
Entretanto, quanto mais os governos trabalhistas prenderam e prendem os corruptos e os ladrões do dinheiro público, mais a oposição de direita e a imprensa familiar acusam o governo de corrupção, pois, na verdade, a intenção é realmente sangrar de morte tanto a atual mandatária quanto o ex-presidente Lula, que, em 2018, tem condições de ser um forte candidato à Presidência da República. Lula é alvo, e sempre o será, pois, igual a Getúlio Vargas, político histórico, de estatura internacional e portador de milhões de votos.
Todavia, percebe-se que está a acontecer um recuo da direita deste País quanto ao impeachment de Dilma, pelo menos no discurso de megaempresários, a exemplo dos irmãos Marinho, do presidente do Senado, Renan Calheiros, além das palavras moderadas de tucanos de poder, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o senador José Serra, o governador de Goiás, Marconi Perillo, até mesmo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, que vive em um eterno morde e assopra, pois cidadão contraditório em tudo o pensa e fala, mas que na hora de decidir entre um candidato paulista à Presidência e o senador mineiro-carioca, Aécio Neves, evidentemente que o grão-tucano vai optar pelo primeiro, já que FHC é intrinsecamente ligado ao status quo paulista.
O candidato derrotado e inconformado, além de rancoroso e mau perdedor, Aécio Neves, sabe que sua batata está a assar, porque o advento do impeachment contra uma mandatária legitimamente eleita com 54,5 milhões de votos, assim como nunca incorreu em crimes de responsabilidade é uma incomensurável bola fora, porque haveria, sem sombra de dúvida, forte reação interna, movimento este que nunca se sabe como acabaria. Por seu turno, haveria também reação externa, por intermédio dos Brics, do Mercosul e até mesmo nos Estados Unidos, país que atualmente não veria com bons olhos uma crise sem precedentes no maior País da América Latina, com mais de 210 milhões de habitantes e que vivencia uma democracia consolidada. De outro modo, a única coisa que se sabe é que não se apaga incêndio ou labaredas com gasolina...
No Brasil, definitivamente, não há mais espaço para golpes e aventuras que ultrapassem as raias da irresponsabilidade. Sabemos como os golpes o são e o que causam à sociedade em termos de prejuízos em todos os campos de atividade humana. Discutir impeachment é irresponsabilidade. Propagá-lo pelas mídias privadas e públicas é crime, porque se torna uma conspiração contra os eleitores, que votaram em Dilma Rousseff, soberanamente. Impeachment colocado nesses termos é golpe, sim. E golpe é crime constitucional e institucional, e, portanto, passível de punições, conforme os ditames da Lei.
Conspire dessa forma nos países ditos desenvolvidos, que os coxinhas paneleiros tanto admiram para ver no que vai dar. Repressão dos órgãos de segurança e cadeia determinada pela Justiça. A crise política causa danos à economia, sendo que a inflação tão propalada pela imprensa alienígena, o "desmanche" da Petrobras e a corrupção, que se tornou o mote ou o trunfo da direita de oposição estão bem distantes do que acontecia, sobre os mesmos assuntos, nos governos anteriores aos do PT.
A imprensa, a oposição liderada pelo PSDB e a imprensa dos magnatas bilionários donos de monopólios de comunicação sabem muito bem que o governo que deixou o Brasil em situação pré-falimentar foi o do Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I ou o Príncipe da Privataria —, que vendeu 125 empresas públicas, realidade esta que coloca o Brasil como o País que realizou a segunda maior privatização da história do planeta, a perder somente para a União Soviética, atual Rússia.
As privatizações de FHC não foram vendas, mas, sobretudo, liquidações do patrimônio público, que os tucanos não construíram e jamais construiriam, pois essa gente provinciana e colonizada sempre se negou a pensar o Brasil. Depois o cidadão brasileiro que gosta de seu País tem de ouvir sandices e desconsiderações por parte de uma "elite" tacanha e de uma classe média reacionária, que se alia aos interesses dos ricos, porque, equivocadamente, considera-se parte dos valores e dos princípios da burguesia. Coisa de pequeno burguês sem noção, que não se enxerga e não percebe que sempre será um empregado das empresas dos grandes e médios empresários.
Agora a pergunta que não quer se calar: Se o Brasil é tão ruim, incompetente, atrasado e não causa sentimento de respeito e de brasilidade a essa gente, por que, então, somos um País que, dentro das perspectivas de ser uma Nação emergente, tínhamos tantas empresas ao ponto de realizarmos a segunda maior liquidação de estatais do mundo? Respondo: porque temos trabalhadores, técnicos, pesquisadores e cientistas de alto nível, ao tempo que temos uma classe dominante antidemocrática, tacanha e atrasada, que aposta no retrocesso e nunca valorizou o Brasil e seu povo, mas mesmo assim somos capazes de realizar qualquer coisa, como demonstram os números e índices gigantescos de nossas empresas públicas liquidadas para encher os bolsos de países estrangeiros.
Não é qualquer País que tem conhecimento e competência para criar empresas dos portes de Itaipu, Belo Monte, transposição do Rio São Francisco, Petrobras, Vale do Rio Doce, BNDES, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Chesf, Embraer, Telebras, Embratel, Nuclebras, Portobras, Embrapa, Ponte Rio-Niterói, CSN, dentre muitas outras, que foram transferidas para mãos privadas e que oferecem péssimos serviços, além de muito caros, a exemplo das telefônicas privatizadas.
Os coxinhas paneleiros deveriam saber disso e parar de dar somente crédito às notícias que eles ouvem na grande mídia corporativa e de negócios privados. Para bom entendedor, meia palavra basta. Em 2010, as empresas privatizadas faturaram R$ 300 bilhões. Ora bolas! Baseando-se no valor do dólar em dezembro de 2009, os lucros foram de US$ 177 bilhões. A receita total por intermédio das privatizações, de 1991 a 2002, foi da ordem de US$ 87,5 bilhões. Resumo da ópera: a liquidação tucana, ou seja, o valor da doação das empresas brasileiras significa a metade do faturamento de somente um ano dessas estatais.
Os áulicos da economia do Governo FHC e da imprensa de mercado anunciavam, em tons altissonantes, que vender as estatais era uma questão imperativa, porque reduzir o endividamento do Estado nacional era obrigação. Pura balela, incompetência e irresponsabilidade na gestão do PSDB. A dívida líquida do setor público no Brasil, em 1991, era de US$ 144 bilhões. No último ano do Governo FHC, em 2002, com tudo que a privatização deveria ter "abatido" deste valor, a dívida do setor público passou a ser de US$ 300 bilhões.
Os tucanos são predadores e se tivessem tempo e não fossem contestados pela oposição partidária da época, além da sociedade civil que se mobilizou, a Petrobras e os bancos estatais federais também seriam vendidos, a preço de banana, talvez com a aquiescência da classe média coxinha que se prepara para realizar uma manifestação sem pé e nem cabeça, porque odeia o Brasil, além de ser preconceituosa com seu povo mais humilde, bem como se recusa a estudar história e, por sua vez, parar de pensar e falar tolices, bobagens e baboseiras.
A Petrobras tinha em 2002 (FHC) um patrimônio líquido de R$ 65 bilhões. Em 2013, e com a efetivação dos trabalhos do Pré-Sal, o patrimônio era da ordem de R$ 345 bilhões, um crescimento de 430,8%. Além disso, o lucro anual da Petrobras no Governo de Fernando Henrique foi de R$ 4,5 bilhões. Já nos governos Lula-Dilma até o ano de 2013 atingiu o gigantesco valor de R$ 25,2 bilhões. Os números são definitivos e retratam a enorme diferença de gerenciamento do governo petista para os dos tucanos, que afundaram a maior plataforma marítima do mundo, a P-36, bem como paralisaram os investimentos da poderosa petroleira, pois a intenção era privatizá-la.
A verdade é que os tucanos e seus aliados nunca se importaram com o desenvolvimento do País. Trata-se da direita sectária e elitista, que governa e sempre governou para poucos, a atender os interesses das classes privilegiadas. Ao contrário do governo entreguista de Fernando Henrique, a administração Lula consolidou o capitalismo e instrumentalizou o Estado nacional. O petista gerou mais de dez milhões de empregos, fomentou e aumentou enormemente o mercado interno e fortaleceu o Estado, que voltou a cumprir seu papel constitucional de investir e, consequentemente, melhorar as condições de vida da população, principalmente a parte mais pobre, que passou a ter acesso ao consumo.
Quem pensa que os números se resumem apenas à Petrobras, também se engana. Quanto à corrupção, quem a combateu de fato foram os governos do PT, que aparelharam e equiparam a Polícia Federal, contrataram milhares de servidores por meio de concursos e permitiram que a PF tivesse autonomia para investigar e realizar suas ações. Nos Governos Lula e Dilma foram realizadas 2.226 operações, sendo que na administração do ex-operário metalúrgico foram efetivadas 1.273 operações com 15.754 prisões. A partir do Governo Lula se começou, de fato, a limpeza da máquina estatal, no que é relativo à corrupção.
De 2003 a 2014, período dos trabalhistas no poder, foram presas 24.881 pessoas, sendo que dessas 2.351 são servidores públicos e 119 policiais federais. Por isto é muito questionável quando a imprensa comercial e privada, o PSDB, os coxinhas de classe média e outros setores conservadores da sociedade ficam a vociferar que nunca houve tanta corrupção no Brasil, quando a verdade incontestável é que nunca se combateu tanto a corrupção neste País, bem como nunca prenderam tantas pessoas, inclusive policiais federais e grandes empresários, em um País em que rico nunca era preso.
Em contrapartida, no Governo FHC foram realizadas exíguas 48 operações. Isto mesmo. Em oito anos, os tucanos não chegaram a 50 operações policiais, quanto mais prender corruptos, até porque o procurador-geral dos tucanos, Geraldo Brindeiro, tinha o sugestivo apelido de engavetador-geral. Além do mais, o Neoliberal I tomou posse no dia 1º de janeiro de 1995 e seu primeiro ato após de 18 dias no poder foi extinguir a Comissão para Investigar a Corrupção, criada no Governo Itamar Franco — o verdadeiro pai do Plano Real. Nada mais emblemático, porque logo depois começaram a liquidação do patrimônio público do Brasil — as criminosas privatizações, que até hoje não foram investigadas para se punir os culpados por tão inconsequente rapinagem e pirataria.
E ainda tem coxinha paneleiro, consumidor do noticiário de uma imprensa corporativa e manipuladora, quando, não, mentirosa, que vai às ruas chamar os governos trabalhistas de corruptos, como parece ser a intenção, no dia 16 de agosto. O analfabetismo político realmente o é uma realidade lamentável. Já dizia o poeta e dramaturgo, Bertolt Brecht: "O pior analfabeto é o analfabeto político". Sem comentários... Ponto.
Como o impeachment não vai realmente acontecer, para o desespero dos reacionários, intolerantes e golpistas de plantão, agora a reação está também de olho no BNDES, um banco de fomento, que alavancou não só a economia brasileira, bem como financiou obras, projetos e programas em outros países. Realizações ocorridas dentro da legalidade, sem, contudo, estar livre de corrupção, porque tal crime é inerente à condição humana, pois sempre tem alguém que ouve o canto da sereia e se corrompe, mesmo a saber que um dia pode ser pego e preso.
A questão fundamental é combater a corrupção. E o combate está a ser feito pelos governos petistas, que, inclusive, cortaram na carne quando alguns de seus membros se deixaram levar por desejos de ter coisas e dinheiro. Só que no Brasil os tucanos são inimputáveis, bem como os magnatas bilionários de imprensa. E santa essa gente não o é... Pode acreditar. As manifestações vão acontecer no dia 16 de agosto. São golpistas manipulados e golpistas mal-intencionados. Todavia, são a mesma face da mesma moeda. Impeachment é golpe, e a eleição vencida por Dilma Rousseff acabou há dez meses. "Os incomodados que se incomodem!" — já dizia Rita Lee. É isso aí.
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