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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

GESTORA DO MDS DESABAFA CONTRA ATAQUES AO BOLSA FAMÍLIA

Por Letícia Bartholo, secretária adjunta nacional de Renda de Cidadania do MDS, pesquisadora do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (International Policy Centre for Inclusive Growth, IPC-IG) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em seu Facebook:
SOBRE MENTIRAS QUE ECOAM CONTRA TODOS NÓS
ou, sobre como o Estado de São Paulo deseja ruir o Bolsa Família
Mente o editorial do Estado de São Paulo de hoje. Mente, como sói acontecer na imprensa brasileira. E mente contra os pobres. Resumidamente, o editorial acusa o lulopetismo de ter feito sempre descaso em relação ao controle do Bolsa Família, sob a preocupação única de comprar e manter os 40 milhões de votos de pessoas atendidas pelo Programa. Ressalta, então, a importância da atitude correta da gestão atual ao cruzar o cadastro do Bolsa Família com outros cadastros e ter encontrado o que chamam de 1 milhão de fraudes no Programa. Por fim, acusa a incapacidade do Bolsa Família de realmente criar oportunidades de autonomia para as famílias pobres.
Contra mentiras, nos restam somente as provas, e que as solicite pela Lei de Acesso à Informação qualquer cidadão interessado na verdade.
Fato 1: os cruzamentos de cadastros com o cadastro do Bolsa Família (Cadastro Único para Programas Sociais) são realizados desde 2005, anualmente, sempre com aprimoramentos e inovações. O que ocorre este ano não é senão mais uma rodada de aperfeiçoamento, feita por burocratas extremamente competentes e preocupados em manter a qualidade de um programa social que é só dos mais bem avaliados mundialmente;
Fato 2: Não foi fato incomum, durante todos esses anos, milhões de cadastros irem para a chamada malha fina do Bolsa Família. Aliás, essa foi a rotina. Ocorre que, a priori, não são fraudes. São indícios de irregularidade, que devem ser apurados. E não são fraudes, porque qualquer toupeira que trabalhe com pobreza sabe que o grupo de pobres brasileiro se caracteriza, majoritariamente, pela instabilidade de renda. São pobres frequentes, não crônicos. Ou seja: o cara foi pego com um emprego cuja renda não lhe permitiria estar mais no Bolsa Família. Na hora em que você averigua, o cara já perdeu o emprego e está pobre. A mediana de participação dos mais pobres no mercado formal de trabalho é de apenas 8 meses. Sacou a mentira?
Fato 3: o Bolsa Família não auxilia a independência dos mais pobres, diz o editorial. Pois bem, fora o fato de estudos econométricos recentes e robustos identificarem que o Bolsa Família auxilia a manutenção dos mais pobres no mercado de trabalho formal, devemos lembrar uma coisa simples – novamente, simples para qualquer toupeira: criança que não se alimenta bem, tem sua capacidade cognitiva reduzida, aprende mal e segue na trajetória histórica de pobreza. Crianças precisam comer pra aprender, caro Estado de São Paulo.
Fato 4: a criminalização dos pobres, feita pela gestão atual e reverberada pela imprensa, não é um crime contra o Bolsa Família, tampouco contra o Partido dos Trabalhadores. É um crime contra um grupo de burocratas extremamente sérios, que têm carregado o Bolsa Família nas costas em todos estes anos. É um crime contra qualquer projeto de nação que soe mais igualitário. É um crime contra mim, contra você e contra os nossos filhos. É um crime contra quem batalha, dia-a-dia, pela sobrevivência. É um crime contra o Brasil.
http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/265637/Gestora-do-MDS-desabafa-contra-ataques-ao-Bolsa-Fam%C3%ADlia.htm

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