Ao
podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analista aponta que a rápida
evolução tecnológica russa, percebida no campo de batalha, reflete o que
na defesa é chamado "cisne negro" — conceito que descreve eventos
imprevisíveis e de grande impacto.
A Rússia ampliou, de forma significativa, sua capacidade industrial de
produzir drones kamikaze com a consolidação da gigantesca fábrica em Alabuga, no Tartaristão,
considerada a maior do mundo em sua categoria. A medida é vista como símbolo da pujança da indústria de defesa da Rússia.
Em entrevista ao
podcast Mundioka, da Sputnik Brasil,
Ricardo Cabral, historiador e analista de geopolítica, frisa que "produzir 18 mil drones por mês é um feito".
"É
uma coisa que vai dar uma base industrial, porque veja bem, não é só
essa fábrica. Existem outras fábricas que apenas vão dar suporte. E é
engraçado se nós formos ver que a guerra está no final. Prevê-se aí, com
essa reunião do [presidente norte-americano, Donald] Trump com o
[presidente russo, Vladimir] Putin, [que] a coisa esteja encaminhando
para o final", afirma.
30 de maio, 11:20
Ele acrescenta que
o uso de drones em conflitos, que começou tímido, hoje não é novidade, e os modelos contam com
alto nível de sofisticação.
"E
aí é uma coisa interessante. Os russos começam atrás e, depois, agora,
estão fatalmente na frente, fazendo muitas inovações, transformando o
campo de batalha."
Cabral destaca que "a essência da guerra é o fogo e o movimento",
e que hoje em dia o drone é o maior limitador do movimento, que
consegue desequilibrar o adversário, pegando de surpresa "onde ele não
esperava".
Segundo Cabral, essa rápida
evolução tecnológica russa, percebida em campo de batalha,
assusta o Ocidente, porque não se esperava isso da Rússia.
"Isso
é o que a gente chama, na defesa, de cisne negro. Você esperava uma
evolução, mas não tão rápida. Lembro que a Rússia, ainda que ela não
esteja lutando contra a OTAN, está lutando contra um país com forte
apoio da OTAN. Essa é uma diferença danada."
4 de outubro 2024, 10:28
Segundo
ele, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está usando a
Ucrânia como campo de provas para testar táticas, novos arranjos
operacionais, arranjos de unidades, de como fazer guerra eletrônica, e a
Rússia está tendo que entender a demanda. No entanto, essas lições estão sendo rapidamente disseminadas.
"Todos
estão aprendendo com a guerra da Ucrânia, e a Rússia vai ter que pegar
essas lições. Se ela quer manter uma dianteira, ela vai ter que, vamos
dizer assim, fazer jogos de guerra cada vez mais precisos, com novas
mudanças", afirma.
Questionado
sobre a possibilidade de o Ocidente — percebendo Moscou na vanguarda de
produção de armamentos — tomar medidas para frear esse processo, como
sanções e acordos multilaterais, Cabral afirma que a Rússia sofreu várias tentativas de fragmentação quando deixou de ser União Soviética (URSS).
"Ela
[a Rússia] sofreu com guerra psicológica interna para a divisão do
país, e o que aconteceu? Você teve um movimento de restauração. A Rússia
tem um passado, porque a Rússia já passou por isso algumas vezes em sua
história. Então, para ela, voltar a ter uma liderança que a levou a um
patamar próximo do que tinha foi mais fácil."
Entretanto, ele afirma que o país, para assegurar o temor do Ocidente, deve manter o alto nível de uma panóplia militar, além da população unida.
"Uma
panóplia militar de respeito provoca medo, e o medo é necessário. E
como é que você consegue isso? Tem que manter uma sociedade coesa,
unida, patriota, nacionalista, e tem que, a cada momento, explorar seus
pontos fortes e trabalhar nos frágeis", afirma o especialista.
Fonte: https://noticiabrasil.net.br/20250811/evolucao-tecnologica-militar-russa-assusta-o-ocidente-pela-rapidez-e-inovacao-avalia-analista-42228064.html
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