10:26 08.09.2025 (atualizado: 15:22 08.09.2025)
O
governo nacional sofreu um duro revés na província de Buenos Aires, o
distrito mais populoso do país e considerado "a mãe de todas as
batalhas". O peronismo prevaleceu nos resultados antes das eleições
nacionais. "O governo continua sofrendo golpes sem se recuperar
totalmente", disse um analista à Sputnik.
O governo do presidente Javier Milei
sofreu uma derrota
retumbante na eleição local mais importante da Argentina. Em Buenos
Aires, o peronismo — que lidera o distrito mais populoso do país —
venceu por mais de dez pontos nas urnas: os resultados iniciais
mostraram um
placar parcial de 46,96% a 33,86%, uma diferença que rompeu as estimativas de paridade que prevaleciam entre as principais pesquisas nos dias que antecederam a eleição.
Fuerza Patria — liderada pelo governador
Axel Kicilof, um dos maiores críticos do libertário — rebaixou La Libertad Avanza nas
eleições legislativas locais, vistas como um
prelúdio para as eleições nacionais de meio de mandato em 26 de outubro,
quando serão eleitos deputados e senadores. O peronismo conseguiu
proteger seu "reduto" em um momento crucial para o Executivo nacional.

Ontem, 21:45
O
golpe eleitoral
completa a quinzena mais difícil do governo Milei desde que assumiu o
cargo. O revés nas urnas faz parte de um cenário marcado por uma
combinação de fatores: o impacto do suposto
caso de corrupção na Agência Nacional de Deficiência, uma
série de derrotas sucessivas no Congresso e um clima crescente de incerteza financeira
refletido na pressão sobre o dólar, que levou o Executivo a intervir no
mercado de câmbio, contrariando o que havia sido acordado com o Fundo
Monetário Internacional (FMI).
Embora
se trate de eleições locais — como as da Cidade de Buenos Aires, onde
La Libertad Avanza havia vencido meses antes —, a província homônima é
um capítulo à parte.
A "mãe de todas as batalhas" representa 37% da população nacional:
tal é o seu peso
que até mesmo um município como La Matanza — a oeste da capital do país
— é considerado a "quinta província", visto que tem mais eleitores do
que distritos inteiros.
A
polarização prevaleceu nas urnas. Enquanto o partido governista
nacional foi o maior perdedor, o peronismo acabou concentrando a maior
parte do fluxo eleitoral da oposição, em detrimento dos grupos
"dialogados", que foram relegados em votos.
Para este peronismo,
a vitória traz um alívio. Imerso em uma espiral inflamável de disputas
internas — que remonta ao governo de Alberto Fernández (2019-2023) — o
principal grupo da oposição conseguiu manter tanto sua frágil unidade quanto sua marca ao confrontar a Casa Rosada.
Apesar da
pressão esmagadora
pela nacionalização das eleições locais, a data mais crucial é 26 de
outubro, quando as eleições de meio de mandato serão realizadas em todo o
país:
o primeiro teste nacional de Milei nas urnas. Com esse objetivo, o Executivo tem quase dois meses para virar a página e reconquistar o apoio do eleitorado.
A mensagem das urnas
"É uma derrota retumbante: o governo continua sofrendo golpes sem se recuperar totalmente. A mensagem foi clara: a série de erros ou enganos está começando a cobrar seu preço", disse o analista político Pablo Cano à Sputnik.
Segundo o consultor, o resultado não reflete uma vitória da oposição por mérito próprio. "O governo perdeu sozinho: por outro lado, o peronismo estava em uma situação difícil, e sua principal conquista foi ter mantido a unidade após tanto conflito interno. Esse espaço conseguiu reter os eleitores de 2023, algo que não aconteceu com La Libertad Avanza."
"O
voto libertário se transformou em absenteísmo. Uma parcela
significativa dos que apoiavam Milei quando ele chegou ao poder em 2023
decidiu não votar, algo que não foi detectado com o peronismo", explicou.
A interpretação do consultor é compartilhada por especialistas. Contatado pela Sputnik, o cientista político Facundo Cruz enfatizou que "o resultado é surpreendentemente avassalador. A grande maioria das pesquisas e dos formadores de opinião previa um cenário muito mais equilibrado".

27 de agosto, 19:41
Para o analista, "uma diferença de mais de dez pontos marca uma profunda mudança na dinâmica do governo
aos olhos do Congresso, do mercado e da sociedade em geral. Estamos
diante de um golpe forte, que terá impacto imediato e ao qual deve haver
uma resposta imediata".
A pergunta de um milhão de dólares
Além das muitas perspectivas sobre os resultados, a principal questão que se coloca urgentemente diz respeito ao
grau de impacto que a eleição terá na economia e no governo em geral, considerando que
ainda faltam dois anos para o fim do mandato.
"O impacto nos mercados depende não tanto do resultado, mas da reação do governo. Se conseguir assimilar bem essa derrota, pode corrigir o rumo e reconquistar a confiança dos investidores e da sociedade", explicou Cruz.
Segundo o cientista político, o principal desafio para a Casa Rosada é que "este governo não é conhecido pela autocrítica, mas pode chegar a hora de repensar essa estratégia. Falta mais de um mês para as eleições locais e ainda há tempo para recuperar parte do que foi perdido".
Questionado
sobre isso, Cano enfatizou que "a primeira coisa a esclarecer é que uma
eleição local não é a mesma coisa que uma eleição nacional, e uma eleição
presidencial também não é a mesma coisa que uma eleição legislativa.
Acho que isso é um sinal direto para as eleições nacionais de outubro, mas não necessariamente teremos um resultado como esse".
Fonte: https://noticiabrasil.net.br/20250908/milei-sofre-derrota-retumbante-para-o-peronismo-em-buenos-aires-diz-analista-43038807.html
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