Até as "lágrimas amargas" de Flavio Bolsonaro, enxugadas com a bandeira do Brasil, no momento em que o pai sofreu o atentado, foram usadas e abusadas por gente da família na manipulação da opinião pública, na campanha eleitoral, enquanto agia sorrateiramente nos subterrâneos da política em tenebrosas transações.
Nos últimos dias, a derrocada moral e o medo parecem ter acossado a família Bolsonaro. Um silêncio aziago baixou sobre as redes sociais dos filhos mais fervorosos.
Paralisados, de máscaras no chão, não sabem, por exemplo, se o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), antes de ser transferido do Ministério da Fazenda para debaixo das asas do ministro da justiça, Sérgio Moro, fez uma devassa na movimentação financeira dos Bolsonaro e dos seus mais próximos, e se cópias dos relatórios estão em mãos de autoridades e de pessoas da imprensa para serem divulgados aos poucos, em momentos oportunos. Não se sabe também qual a dimensão do escândalo e quem mais está envolvido na teia de mal feitos.
A liminar do ministro amigo, Luiz Fux, do STF, para estancar as investigações, é vergonhosa e temporária. O ministro Marco Aurélio de Melo vem aí, deve manter a continuidade das investigações na primeira instância, no Rio de Janeiro, tendo em vista a ocorrência dos fatos quando Flavio Bolsonaro era deputado estadual.
O mesmo deve acontecer com Jair Bolsonaro e a primeira dama, Michele Bolsonaro, também envolvidos nas transações do motorista Fabrício Queiroz, consideradas fatos anteriores à posse do presidente.
O problema é que o desdobramento do caso tem apresentado surpresas cada vez mais graves, principalmente suspeição de proximidade da família Bolsonaro com o crime organizado.
Fabrício Queiroz, além de movimentar vultosas quantias em contas bancárias com a família Bolsonaro, tem registrado em seu currículo pelo menos dez autos de resistência (assassinato de pessoas sob alegação de resistência à prisão ou legítima defesa). Um homem cujas transações com dinheiro, apontadas no relatório do COAF, mostrou ter agido na clandestinidade, como agente de atos escusos de pessoas da família Bolsonaro.
As investigações sobre a morte da socióloga e vereadora Marielle Franco e de seu assessor Anderson Gomes não estão concluídas, nem as circunstâncias da morte esclarecidas.
As autoridades têm o dever de investigar e prestar contas à sociedade, apresentar provas se esse crime tem relação com a disputa eleitoral no Rio de Janeiro ou não, para que não pairem dúvidas.
Marielle era um nome forte na disputa por uma vaga no Senado, para a qual Flávio Bolsonaro foi eleito. Ela era também um nome consistente para o governo do Estado do Rio de Janeiro e para a Presidência da República. Uma liderança de alto quilate, de formação intelectual e acadêmica sólida, que encaixava perfeitamente no momento político do país.
A apresentação do ministro Sérgio Moro, por Jair Bolsonaro, em Davos, como a cereja amarela do bolo do governo, no combate à corrupção, na segurança pública, e o cancelamento da coletiva que o presidente daria, são os mais recentes sintomas de um governo que até o momento tenta se equilibrar sobre bases construídas com mentiras. Um governo que não governa. Defende-se.
A farsa da Lava-Jato, armada para prender o ex-presidente Lula e retira-lo das eleições de 2018, está exposta na praça, ao sol do meio dia, é de conhecimento público internacional.
O medo da imprensa é o medo das perguntas sobre os acontecimentos no Brasil, que estão escandalizando o mundo.
A verdade bate à porta, quer entrar, iluminar, romper trevas.
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