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terça-feira, 27 de maio de 2025

Xinhua: Cooperação ASEAN-CCG-China: novo "triângulo dourado" nos assuntos globais

 


Foto aérea de drone tirada no dia 21 de março de 2025 mostra caminhões carregados com frutas de países da ASEAN aguardando desembaraço aduaneiro no porto da Passagem da Amizade em Pingxiang, Região Autônoma Zhuang de Guangxi, sul da China. (Xinhua/Cao Yiming)

Agora as três partes têm mais incentivo do que nunca para se coordenar no atual clima geopolítico, já que alguns países importantes estão buscando confronto e protecionismo, o que torna a lista de interesses divergentes ainda maior.

Por Julia Roknifard

Um mecanismo notável de cooperação multilateral está emergindo com a realização da cúpula inaugural conjunta da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), da China e do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).

Agora as três partes têm mais incentivo do que nunca para se coordenar no atual clima geopolítico, já que alguns países importantes estão buscando o confronto e o protecionismo, o que torna a lista de interesses divergentes cada vez maior.

CHINA COMO ÂNCORA PARA ASEAN-CCG

A China já teve um impacto transformador na ASEAN e no Oriente Médio em geral, economicamente, incluindo os países do CCG, por meio de importantes esforços em infraestrutura, comércio e desenvolvimento, principalmente a Iniciativa Cinturão e Rota e a Iniciativa de Desenvolvimento Global. Mas o relacionamento é mais forte, com crescente cooperação em tecnologia, desenvolvimento industrial, turismo, intercâmbio cultural e laços interpessoais de longa data.

A Malásia, que assumiu a presidência rotativa da ASEAN em 2025, considera a China seu maior parceiro comercial desde 2009 e tem defendido consistentemente uma integração regional mais forte. O primeiro-ministro, Anwar Ibrahim, também tem sido uma voz ativa e franca em assuntos do Oriente Médio, posicionando a Malásia como anfitriã adequada para a próxima cúpula tripartite.

Como muitas nações da ASEAN, a Malásia tem buscado se manter afastada das tensões comerciais globais, mantendo uma política de comércio livre e aberto, ao mesmo tempo em que amplia suas parcerias internacionais, incluindo a adesão ao grupo BRICS em 2024. A medida ressalta um impulso para fortalecer os laços e o comércio com a China, que enfrenta tarifas e outras formas de pressão dos Estados Unidos.

Enquanto isso, o papel diplomático e estabilizador da China em questões essenciais também fortaleceu sua posição na região. Seus apelos por uma resolução pacífica e justa para o conflito palestino repercutem em muitos membros da ASEAN, enquanto seu sucesso em reunir potências-chave do Oriente Médio, especialmente Irã e Arábia Saudita, elevou ainda mais sua visibilidade e gerou boa vontade em toda a região.

Foto mostra telão sobre cúpula China-Conselho de Cooperação do Golfo em uma rua de Riad, Arábia Saudita, no dia 7 de dezembro de 2022. (Xinhua/Wang Dongzhen)

CONSTRUINDO LAÇOS ECONÔMICOS RESILIENTES

A convergência dos principais exportadores de energia do CCG, da grande base de consumidores da ASEAN e do enorme mercado chinês, com mais de 1,4 bilhão de pessoas, promete benefícios significativos para todas as partes. Juntos, eles detêm recursos suficientes dentro de suas fronteiras para sustentar o comércio e resistir a potenciais restrições ou interrupções.

Apesar dos esforços para atrair a ASEAN e os membros do CCG para o confronto em bloco, o Ocidente não consegue pressionar esses países como antes com seu poder militar e econômico, sinalizando um desgaste constante da influência que já teve. Em meio a conflitos em curso e realidades econômicas em constante mudança, os países estão cada vez mais priorizando parcerias que melhor atendam aos seus objetivos de desenvolvimento, em vez de aceitar políticas que impeçam seu progresso.

A união das três partes cria uma plataforma para a cooperação. Salvo interferência de partes externas, este emergente "Triângulo Dourado" de recursos, manufatura e consumidores está pronto para impulsionar a economia global. Também pode acelerar a disseminação de tecnologias de ponta pioneiras da China, principalmente em veículos movidos a energia renovável e ferramentas de inteligência artificial como o DeepSeek, desenvolvido a uma fração do custo de seus equivalentes ocidentais.

ENTERRANDO A ORDEM UNIPOLAR

Com as principais economias europeias à beira da recessão e da desindustrialização, e os próprios Estados Unidos perdendo sua vantagem na construção naval e continuando decaindo em outros setores, a China continua avançando, pois consegue reconhecer este simples fato: a ASEAN, o CCG e outros grupos regionais na África e na América Latina querem uma nova era de paz e relações internacionais estáveis.

Embora essas aspirações possam ou não resultar em uma forte integração ASEAN-CCG-China em um futuro próximo, a alternativa de ver outras nações rumando para políticas prejudiciais e fragmentadas é um cenário muito mais sombrio do que a promessa de uma cooperação global renovada e prosperidade compartilhada.

Nota da edição: Julia Roknifard é professora sênior da Faculdade de Direito e Governança da Universidade Taylor.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade da autoria e não reflete necessariamente a opinião da Agência de Notícias Xinhua.

Fonte:  https://portuguese.news.cn/20250527/bb93eb40000343c1b103d3670221512f/c.html

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