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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Maia diz que 'não faz nenhum sentido' Defesa ter mais verba que Educação no Orçamento da União


'Imagina se o presidente da República vai assinar', afirmou presidente da Câmara. Projeto de Orçamento da União em elaboração prevê R$ 5,8 bilhões a mais para Defesa, informou jornal.

Por Fernanda Calgaro e Elisa Clavery, G1 e TV Globo — Brasília

18/08/2020 17h45 Atualizado há um dia


Maia: verba da Defesa acima da Educação não faz sentido

Maia: verba da Defesa acima da Educação não faz sentido

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta terça-feira (18) que "não faz nenhum sentido, nem do ponto de vista político" que o presidente da República, Jair Bolsonaro, envie uma proposta orçamentária para 2021 com mais recursos para o Ministério da Defesa do que para o da Educação.

O projeto para o Orçamento da União do ano que vem, que ainda está em elaboração, prevê reservar R$ 5,8 bilhões a mais para despesas com militares do que com a educação, conforme revelou reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo".

A proposta com a previsão de receitas e despesas para cada ministério tem de ser enviada até o fim de agosto ao Congresso.

“O governo ainda não encaminhou a proposta. É claro que os recursos para Educação serão maiores do que os recursos para a Defesa. Isso é óbvio. Não tenho dúvida. Imagina se o presidente da República vai assinar uma proposta onde os recursos da Defesa sejam maiores do que os recursos para a Educação? Não faz nenhum sentido, nem do ponto de vista político. Para mim, não faz sentido”, disse Maia.

Questionado se acredita que o Congresso rejeitará a proposta orçamentária caso venha a ser enviada dessa forma, Maia afirmou que não iria discutir em cima do que chamou de "especulação". Mas repetiu que acredita que o presidente não enviará uma proposta nesses termos.

“Como é especulação, eu não quero ficar discutindo especulação. Eu acredito que o presidente da República, por óbvio, não vai encaminhar uma proposta onde você tenha mais recursos para a Defesa e menos para a Educação. É a minha opinião. Eu vou esperar a proposta do governo para que a gente discuta baseado em dados e não em especulações, que às vezes a gente fica discutindo o que não existe ou não vai existir”, disse.

Projeto do Governo prevê mais gastos com Defesa do que com Educação em 2021

Projeto do Governo prevê mais gastos com Defesa do que com Educação em 2021

De acordo com a reportagem, a Defesa receberia em 2021 um acréscimo de 48,8% em relação ao orçamento deste ano (de R$ 73 bilhões para R$ 108,56 bilhões) e a verba da Educação cairia de R$ 103,1 bilhões para R$ 102,9 bilhões. Segundo o jornal, os valores consideram todos os gastos das duas pastas (pagamento de salários, compra de equipamentos e projetos em andamento, o que inclui, no caso dos militares, a construção de submarinos nucleares e compra de aeronaves).

Sobre a proposta em estudo, o Ministério da Economia, informou que as solicitações de expansão de limites demandadas pelos órgãos serão analisadas e submetidas à decisão da Junta de Execução Orçamentária.

Portanto, conforme a pasta, ainda não é possível informar os valores limites finais das despesas dos órgãos que constarão do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021.

O orçamento aprovado para este ano do Ministério da Defesa foi de R$ 73 bilhões. Mas recebeu R$ 41 bilhões de aportes, que elevaram o valor para R$ 114 bilhões. O Ministério da Educação teve R$ 103,1 bilhões aprovados para 2020. Segundo o Ministério da Economia, a Educação fechará o ano com R$ 120 bilhões para despesas, ou seja, um incremento de R$ 17 bilhões.

Teto de gastos

Maia voltou a defender a manutenção do teto de gastos públicos, regra que limita o crescimento das despesas do governo federal aos investimentos do ano anterior corrigidos pela inflação.

O debate sobre a revisão do mecanismo veio à tona após o ministro Paulo Guedes dizer, sem citar nomes, que auxiliares do presidente Jair Bolsonaro o estariam aconselhando a aumentar os investimentos públicos como forma de se fortalecer politicamente para a disputa da reeleição em 2022.

“Claro que parece bacana ter mais investimentos, ter mais recursos para programas sociais, mas nós temos limites. E não adianta a gente dar uma notícia boa para a sociedade no curto prazo, que não seja sustentável”, disse Maia.

O presidente da Câmara disse que não se trata do valor, mas de respeitar a regra e, desta forma, passar credibilidade ao mercado.

“Não é questão do valor do investimento, é questão do conceito. 'Gastamos 600 bilhões, vamos gastar mais 30', não é isso. É o conceito. Quando a gente apoiou a PEC da Guerra que o governo apoiou, o conceito era esse: gastos relacionados à pandemia. Está lá na promulgação da PEC. De repente, você mudar o caminho que está organizado desde o governo Michel Temer, eu acho errado”, disse.

Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/08/18/maia-diz-que-nao-faz-nenhum-sentido-defesa-ter-mais-verba-que-educacao-no-orcamento-da-uniao.ghtml

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